Categoria: Chuang-Tzu
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Izutsu (TIST:332-333) – O nascimento de um novo ego
Vimos no que precede como é fútil e absurdo, na visão de Chuang-tzu, o padrão comum de pensamento tipificado pelo tipo de discussão isto-é-‘certo’-e-aquilo-é-‘errado’. Qual é a fonte de todas essas verbalizações fúteis? Chuang-tzu acha que ela se encontra na convicção errônea do homem sobre si mesmo, ou seja, que ele próprio tem (ou é)…
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Izutsu (TIST:360-361) – Essencialismo, forma vulgarizada da Razão
‘Essencialismo’ pareceria ser uma posição filosófica mais adequada à mente humana. De qualquer forma, a Razão e o senso comum, que não passam de uma forma vulgarizada da Razão, tendem naturalmente a adotar uma posição ‘essencialista’. E esta última é aquela da qual depende o nosso pensamento comum. A essência da visão ‘essencialista’ pode ser…
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Izutsu (TIST:346-349) – Estágios do desenvolvimento espiritual
O que mata a Vida não morre. O que traz à Vida tudo o que vive não vive. (Chuang-Tzu) Os estágios do desenvolvimento espiritual acima descrito de “assentar-se em olvido” são discutidos de várias maneiras por Chuang-tzu em vários lugares de seu livro. Às vezes ele faz um curso ascendente, e às vezes um curso…
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Izutsu (TIST:287) – Lao Tzu e Chuang Tzu
O livro chamado Tao Te Ching é hoje mundialmente famoso e está sendo amplamente lido no Ocidente em várias traduções como um dos textos básicos mais importantes da Sabedoria Oriental. Em geral — ou popularmente, deveríamos dizer — acredita-se que seja um tratado filosófico-místico escrito por um antigo sábio chinês chamado Lao-tzu, um contemporâneo sênior…
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Izutsu (TIST:358-360) – Riscos do essencialismo
Desde o início, tenho enfatizado implícita e explicitamente a atitude ‘existencialista’ de Zhuangzi. Penso que já deixei suficientemente claro que seu verdadeiro significado só se torna compreensível quando relacionado ao segundo estágio (de cima) do ‘sentar-se no esquecimento’. É uma posição filosófica baseada na visão do Caos. Nesse aspecto, opõe-se à posição do ‘essencialismo’, que…
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Izutsu (TIST:293-294) – Chuang-tzu
Passando de Lao-tzu para Chuang-tzu, sentimos que estamos em um terreno muito mais sólido. Pois, embora não estejamos mais bem informados sobre sua vida e identidade reais, pelo menos sabemos que estamos lidando com uma pessoa histórica, que existiu em meados do século IV a.C., como contemporâneo de Mencius, do grande xamã-poeta Ch’u Yuan de…
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Izutsu (TIST:332-333) – ego
Acabamos de ver até que ponto, segundo Zhuangzi, resulta fútil e absurdo o esquema corrente de pensamento tipificado pelo debate sobre o “certo” e o “errado”. Qual é a origem dessas vãs demonstrações? Zhuangzi acredita que é preciso buscá-la na equivocada convicção do homem em relação a si mesmo, ou seja, a crença de que…
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Izutsu (TIST:356-358) – Ekstasis
Como observei antes várias vezes — e é particularmente importante recordar isso mais uma vez para a correta compreensão da posição filosófica que Chuang-tzu assume contra o ‘essencialismo’ — a descrição recém-apresentada dos quatro estágios não é uma teoria abstrata; é uma descrição de um fato experiencial. É uma descrição fenomenológica da experiência de êxtase.…
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Izutsu (TIST) – Indiferenciação e Diferenciação
Da mesma forma, na estrutura ontológica das coisas, tanto a “indiferenciação” primitiva quanto a “diferenciação” fenomenal, tanto a Unidade quanto a Multiplicidade, são reais. Se Zhuangzi enfatiza tanto o primeiro aspecto, é principalmente porque, no plano da experiência humana correspondente ao senso comum, o aspecto fenomenal é tão dominante e preponderante que costuma ser considerado…
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Izutsu (TIST:361-362) – Essencialismo, influência da linguagem
Na filosofia ocidental contemporânea, frequentemente se tem dado ênfase especial ao poder ‘tirânico’ da linguagem, a grande influência formativa exercida pelos padrões linguísticos na moldagem do nosso pensamento. A influência da linguagem é particularmente visível na formação da visão ‘essencialista’ das coisas. Do ponto de vista de um ‘existencialismo’ absoluto, não há compartimentos estanques no…
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Izutsu (TIST:310-313) – a realidade do ser é o caos
Na visão de Lao-tzu e Chuang-tzu, a realidade do Ser é o Caos. E é aí que reside a essência de sua ontologia. Mas essa proposição não significa que o mundo em que vivemos seja simplesmente caótico e desordenado como um fato empírico. Pois o mundo empírico, como o observamos diariamente, está longe de ser…
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Izutsu (TIST:314-316) – morte
IZUTSU,Toshihiko. Sufism and Taoism. Berkeley: University of California Press, 1984, p. 314-316 Voltando ao ponto em que Chuang-tzu reduziu tudo a um modo de existência onírico. Nada no mundo do Ser é solidamente autossubsistente. Em terminologia escolástica, poderíamos descrever a situação dizendo que nada tem — exceto em aparência — uma ‘quididade’ ou ‘essência’ imutável.…
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Izutsu (TIST:319-320) – Além disto e daquilo
Vimos nas últimas páginas do capítulo anterior como Chuang-tzu elimina a distinção ou oposição entre Vida e Morte e as traz de volta ao estado original de “indiferenciação”. Dedicamos algum tempo a esse assunto porque é um dos temas favoritos de Chuang-tzu e também porque revela aos nossos olhos um aspecto importante de sua filosofia.…
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Izutsu (TIST:354-356) – Contra Essencialismo
No final do capítulo anterior, apontei o fato de que, em Chuang-tzu, os estágios do “assentar em esquecimento” são traçados em duas direções opostas: ascendente e descendente. A primeira consiste em começar do estágio mais baixo e subir estágio por estágio até o último e mais elevado. Um exemplo típico desse tipo de descrição acabou…
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Izutsu (TIST:375-377) – O Caminho (Tao)
Até este ponto, seguimos as pegadas de Chuang-tzu enquanto ele tentava descrever analiticamente o processo pelo qual uma visão do Absoluto é revelada ao Homem Perfeito Taoista, abrindo em sua mente uma nova visão de todo o mundo do Ser que é totalmente diferente e radicalmente oposta àquela compartilhada por homens comuns no nível do…
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Izutsu (TIST:398-399) – O Portal de Miríficas Maravilhas
Aprendemos no capítulo anterior que o nome “Caminho” é, afinal de contas, apenas uma improvisação, uma expressão forçada para o que não deve ser nomeado. A palavra “Caminho” é um símbolo convenientemente escolhido para se referir a algo que, a rigor, está além até mesmo da indicação simbólica. Com esse entendimento básico, entretanto, podemos usar…
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Izutsu (TIST:418-419) – Determinismo e Liberdade
No capítulo anterior, encontramos o conceito de Comando Celestial (t’ien ming). O conceito é filosoficamente de importância básica porque leva diretamente à ideia de determinismo que, no pensamento ocidental, é conhecido como o problema da “predestinação” e, na tradição intelectual do Islã, como o de qada e qadar. A parte mais interessante de todo o…
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Izutsu (TIST:430-431) – Reversão absoluta de valores
Em todo o Tao Te Ching, o termo sheng jen (“homem sagrado”) é usado consistentemente de tal forma que pode ser justificadamente considerado o equivalente mais próximo do insan kamil islâmico (“homem perfeito”). Essa palavra parece remontar à antiguidade remota. De qualquer forma, a julgar pela maneira como é usada por Confúcio nos Analectos, a…
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Izutsu (TIST:444) – O Homem Perfeito
A maioria dos traços característicos do Homem Perfeito já foi mencionada explícita ou implicitamente nos capítulos anteriores. Alguns deles foram totalmente discutidos, enquanto outros foram abordados de forma superficial. Além disso, já apontamos repetidamente que o Homem Perfeito, conforme entendido por Lao-tzu e Chuang-tzu, nada mais é do que a personificação do próprio Caminho. O…
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Izutsu (TIST:457-458) – Homo Politicus
Ao longo dos capítulos anteriores, descrevemos o Homem Perfeito Taoista como um homem de absoluta transcendência. Ele transcende totalmente o mundo dos homens comuns e das coisas comuns no sentido de que está “alheio” a todas as distinções entre eles, que nada perturba sua mente e que, consequentemente, ele se senta sozinho em meio à…