Categoria: Fernando Pessoa (1888-1935)

  • individualidade

    Por carácter (em grego ethos) entendo a manifestação social da individualidade. A individualidade manifesta-se de três maneiras, seguindo as três divisões radicais (não importa agora analisá-las) da inteligência, sensibilidade e vontade, ou se melhor julgarem, desejo — a faculdade pela qual nos exteriorizamos. E a esta que se liga o carácter, que é, já o…

  • EFS

    Evangelho, Figuras e Símbolos, Juan Mateos e Fernando Camacho

  • humanidade e nação

    O primeiro, e o mais abstrato, de todos esses princípios, é o princípio da permanência do ser — que cada corpo, ou cada ente, tem, antes de mais nada, a tendência a continuar sendo o que é, a resistir às forças externas que tendam a desintegrá-lo. A desintegração total é difícil na proporção da complexidade…

  • realidade social

    1. A única realidade social é um indivíduo, por isso mesmo que ele é a única realidade. O conceito de sociedade é um puro conceito; o de humanidade uma simples ideia. Só o indivíduo vive, só o indivíduo pensa e sente. Só por metáfora ou em linguagem translata se pode aludir ao pensamento ou ao…

  • movimento

    O movimento universal pode ser muito lento e assim a sensação ser possível (radiatividade) (Nota do autor, em francês: Il y a de l’être dans toute proposition.). Heráclito diz que tudo é movimento. Mas o que é o movimento? Qualquer coisa que só pode ser concebida por oposição a substância. Além disso, o movimento exige…

  • Fernando Pessoa: Parmênides e a eternidade do Ser

    Parmênides e a eternidade do Ser Quando Parmênides diz que o Ser é eterno, baseando-se na asserção de que o Ser não se pode tornar Não-Ser, introduz no argumento a secreta noção do tempo, ou pelo menos de devir. Mas devir não é ser — é-lhe mesmo oposto. O verdadeiro argumento é o seguinte: o…

  • Pessoa: Le quint empire

    Tristesse de l’homme qui vit an logis, satisfait de son foyer, sans qu’un rêve, dans un envol d’aile, fasse rougeoyer la braise de l’âtre qu’il pourrait quitter! Tristesse de l’homme heureux! S’il vit, c’est que la vie s’étire. Son âme n’abrite rien d’autre que la leçon de la racine : avoir un sépulcre pour vie.…

  • Pessoa: Fernand de Magellan

    Dans la vallée un bûcher jette ses flammes. Une sarabande secoue la terre entière. Par sombres lueurs, en sursaut jaillies De la vallée, des ombres sourcilleuses Et difformes escaladent les pentes Pour aller se perdre dans l’obscurité. Quelle est cette danse dont la nuit s’alarme ? Celle des Titans, les fils de la Terre, Qui…

  • Pessoa: Don Fernando – infant de Portugal

    Dieu m’a donné son glaive, pour que je fasse Sa sainte guerre, ME sacrant Sien en honneur et en infortune Aux heures où un vent froid passe Par-dessus la froide terre. Il a posé les mains sur mes épaules, et doré Mon front de son regard; Et cette fièvre d’Au-delà, qui ME consume, Et cet…

  • Pessoa: Les iles fortunées

    Quelle voix nous parvient dans la rumeur des ondes Qui n’est pas la voix de l’océan ? C’est la voix de quelqu’un qui nous parle Mais qui, si nous prêtons l’oreille, se tait Parce que nous avons écouté. Ce n’est que si, dormant à demi, Sans le savoir nous avons entendu, Qu’elle nous dit l’espérance…

  • Pessoa: En ce monde de notre oubli

    En ce monde de notre oubli, Ombres nous sommes de nous-mêmes, Et les gestes réels que nous faisons Dans l’autre où, âmes, nous vivons, Sont ici feintes et grimaces. Tout est nocturne et confus Dans nos échanges d’ici-bas Projections, fumée diffuse Du feu qui brille celé Au regard qui donne la vie. Mais l’un ou…

  • Pessoa: O cloche de mon village

    O cloche de mon village, plaintive dans le soir calme, il n’est un de tes battements qui dans mon âme ne résonne. Il est si lent, ton rythme, triste ainsi que celui de la vie, que le premier coup a déjà l’accent d’une redite. D’aussi près que tu résonnes, quand je passe, éternel errant, tu…

  • Pessoa: Initiation

    Tu ne dors pas sous les cyprès car il n’est de sommeil en ce monde… Le corps est l’ombre des vêtements qui dissimulent ton être profond. Vient cette nuit qu’est la mort, et l’ombre s’achève sans avoir été. Tu vas dans la nuit, simple silhouette, Égal à toi contre ton gré. Mais à l’Hôtellerie de…

  • Pessoa: Un Dieu naît

    UN Dieu naît. D’autres meurent. La vérité n’est ni venue ni partie : l’Erreur seule a changé. Nous avons maintenant une autre Éternité, et le meilleur des mondes est bien celui qui fut. Aveugle, la Science laboure une glèbe stérile. Folle, la Foi vit le songe de son culte. Un Dieu nouveau n’est rien qu’une…

  • Pessoa : Subsolo

    Extraits de «Fernando Pessoa e a Tradição Hermética» Os Evangelhos são somente dramatizações — ou, em outras palavras, christianizações — da tragédia de Lydda. São rituaes dramáticos, e os trez primeiros evangelhos — os chamados synopticos — são primeiras redacções: só no Quarto Evangelho está acabada a dramatização, e postos os sellos mágicos. Porisso, para…

  • Pessoa: Natureza e realidade

    Excertos do livro organizado por António Quadros, “A procura da verdade oculta”. Fragmentos do acervo do autor sobre tempo, espaço, ser, matemática, realidade, categorias… (Texto possivelmente de 1915-1916) 1 — TEMPO, ESPAÇO E SER O tempo em si contém a possibilidade de todas as durações: o espaço em si a possibilidade de todos os tamanhos,…

  • Pessoa: Reflexões sobre moral e ética

    Excertos do livro organizado por António Quadros, “A procura da verdade oculta”. Fragmentos do acervo do autor, de diferentes datas, sobre o tema da moral. O Problema do Mal A ideia de que esta vida é injusta assenta na de que esta vida é toda a vida, e disto não há prova. Não há dúvida…

  • Pessoa: Reflexões sobre o homem

    Excertos do livro organizado por António Quadros, “A procura da verdade oculta”. Textos filosóficos e esotéricos. 1. O homem é um animal irracional, exatamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, e o homem é um animal irracional complexo. É esta a conclusão a que nos leva a…

  • Pessoa: O comunismo, um dogmatismo sem sistema

    Excertos do livro organizado por António Quadros, “A procura da verdade oculta”. A Filosofia no Tempo. Ao contrário do catolicismo, o comunismo não tem uma doutrina. Enganam-se os que supõem que ele a tem. O catolicismo é um sistema dogmático perfeitamente definido e compreensível, quer teologicamente, quer sociologicamente. O comunismo não é um sistema: é…

  • Pessoa: Crítica do materialismo

    Excertos do livro organizado por António Quadros, “A procura da verdade oculta”. A Filosofia no Tempo. O Materialismo assevera que o pensamento é o produto do cérebro, tal como a excitação é o produto dos músculos. Assim todas as funções são os produtos de diversos gêneros de movimento — o pensamento, do movimento das moléculas…