Categoria: André Padoux (1920-2017)
-
Padoux (APPA:nota) – anuttara (sem igual)
anuttara: aquilo que não tem superior, aquilo que é sem igual, sem segundo, insuperável, o melhor ou o mais elevado. Em termos cosmológicos, portanto, é o primeiro princípio, o mais elevado. Para o Trika, é a Consciência suprema, a realidade mais elevada além da qual não há nada, sem limitação, perfeitamente autônoma e livre. Portanto,…
-
Padoux (APPA:nota) – mahāguhyam – “grande segredo”
Tr. Antonio Carneiro mahāguhyam: esta expressão deve normalmente se ler como mahā-guhyam e se traduzir « grande segredo ». Segue-se, no entanto, aqui a leitura, insólita certamente, mas possível, de Abhinavagupta que leu mahā-aguhyam. No P.T.v. (pp. 53-57), deu sucessivamente essas duas interpretações. Explica além disso que esse segredo é assim chamado por uma parte…
-
Padoux (APEP:19-20) – Fala [vak, akshara]
[…] Assim, em textos que se originaram em ambientes muito diferentes e foram escritos em um período de dois mil anos, os termos que se aplicam à fala — vâk ou akshara, por exemplo — têm valores muito semelhantes. Onde se acredita: no poder e na eficácia, não apenas mágicos, mas também cósmicos e cosmogônicos,…
-
Padoux (APVAC:86-87) – Verbo, fulgurância vibratória
A atividade da consciência divina que traz o universo à existência e que, no nível mais elevado, é, como vimos, pura luz, prakāśa, é frequentemente descrita, especialmente no Trika, como um lampejo, um brilho, uma vibração luminosa. Isso é transmitido por termos como sphurattā, ullāsa, e outras. Essa refulgência vibratória, tanto quanto a da consciência,…
-
Padoux (APCT) – universo tântrico
O que caracteriza o universo tântrico são noções, uma ideologia e práticas e comportamentos, sendo que os dois estão ligados: uma visão do mundo e maneiras de colocar essa visão em prática no nível da experiência, do corpo e da mente. Tantrismo significa ação associada a uma ideologia que a inspira e orienta, que lhe…
-
Silburn & Padoux (AGLT:37-40) – ignorância metafísica
Esse sentido e lógica, bem como esse objetivo libertador, do TĀ são sublinhados por Abhinavagupta no primeiro capítulo, onde, desde o início, ele define a Realidade suprema, mostra como manifesta o universo enquanto permanece presente nele e indica como o ser humano, que surgiu dentro dessa manifestação e é prisioneiro de seu brilho, pode —…
-
Padoux (APPA:nota) – vimarśa – tomada ativa de consciência
vimarśa: esse é um termo importante no Trika, mas que é difícil de entender (e traduzir). vimarśa vem de vi-MŖŚ: tocar, sentir, dar-se conta, perceber, refletir, examinar, experimentar, hesitar (prefixo vi), portanto: consideração, reflexão, teste, crítica, conhecimento, inteligência — no Abhidharmakośa: dúvida, exame. Esse termo é usado com frequência nos textos do Trika e com…
-
Silburn (AGLT:39-40) – funções de Shiva
Essas energias divinas são inumeráveis e multiformes, pois manifestam o poder infinito, a generosidade inesgotável da divindade. No entanto, elas podem ser distinguidas de acordo com seu papel e classificadas de maneiras diferentes, dependendo do ponto de vista sob o qual são vistas. Os autores ou escolas sivaítas que foram influenciados pelo sistema pentádico de…
-
Padoux (APPA:nota) – Deusa interroga Śiva
Tr. Antonio Carneiro A consciência sobre a via do perfeito despertar (a Deusa) interroga Xiva. Mas é em realidade ela mesma que se responde posto que ela é inseparável de Xiva. E a resposta que exprime a Realidade suprema não é, ela também não, diferente desta Realidade que é Xiva e Śakti, ela não é…
-
Silburn & Padoux (AGLT:44-45) – graça
Se essas cinco funções de Śiva são cinco aspectos inseparáveis de sua atividade, a última, entretanto, a graça, é considerada a mais elevada. Abhinavagupta enfatiza essa preeminência desde as primeiras palavras de seu comentário sobre o Parātrimśikā [AGP], onde ele identifica Śiva com a energia suprema que é a graça: “O Senhor supremo, dotado de…
-
Padoux (APPA:nota) – parāmarśa – tomada de consciência
Apenas uma fração da Consciência Absoluta (cit) encarna na Deusa e em Bhairava, de modo que ela o questiona e ele a responde, possibilitando, assim, a existência do Tantra, que, não se deve esquecer, é uma manifestação do Verbo Divino. O termo usado aqui para designar o aspecto da consciência suprema que encarna, para os…
-
Padoux (APEP:20-22) – Vak ou Vac (a fala)
Dos termos usados para designar a fala no Veda, o primeiro a se destacar é vâk (ou vâch), porque é encontrado com o mesmo significado de “palavra” em muitos textos posteriores. Vâk (uma palavra feminina!) aparece em vários versos isolados em vários livros do Rigveda, incluindo aqueles considerados os mais antigos: a noção do papel…
-
Padoux (APPA:nota) – svaprakāśa – brilhar por si mesmo
svaprakāśa: brilhar por si só é a peculiaridade da Consciência. prakāśa é, de fato, no nível mais elevado, a pura luz da Consciência suprema e indiferenciada (cit). É um brilho que é ao mesmo tempo luz, fulgurância, consciência e ser puro. Também é vida, pois prakāśa é inseparável de vimarśa e também é o oposto…
-
Padoux (APEP:24-26) – akshara (OM)
Outro termo que, no Veda, indica tanto um aspecto da Palavra quanto o absoluto, ou a palavra sagrada como a base imperecível do discurso ou da criação, um termo que mais tarde veio (embora mantendo seu valor gramatical de ‘sílaba’) a designar o primeiro princípio imperecível, mas mais especialmente, com frequência, como simbolizado pelo mantra…
-
Padoux (APPA:nota) – hŗdvyoman – espaço do coração
hŗdvyoman: o espaço do Coração, também chamado kha: espaço, o éter indiferenciado. Lugar central e imóvel, centro da Consciência, receptáculo e base de tudo. […] Eis o que Abhinavagupta diz sobre ele no P.T.v. (pp. 86-88): “Esse coração que é ‘de mim’ é o lugar, o palco, onde repousa tudo o que existe no universo…
-
Padoux (APEP:26-28) – OM
É de se perguntar por que a sílaba om adquiriu uma exaltação tão extraordinária. Ela parece ter sido usada desde o Yajurveda, onde também encontramos outras sílabas usadas para fins rituais: him, hum, svâhâ, vashat, vet, nenhuma das quais teve o mesmo destino, nenhuma das quais foi divinizada. Pranava, ou seja, aquilo que soa ou…
-
Padoux (APPA:nota) – khecarī – condição de Śiva
khecarī: “isso que se move no espaço do coração” (kha), também chamada cidgaganacarī: “isso que se move no céu da Consciência”. O Trika às vezes divide as energias de Śiva em quatro círculos ou rodas (cakra), dos quais khecarî é o mais elevado. Ele corresponde à atividade universal da Energia Suprema, que tem a Consciência…
-
Padoux (APEP:28-29) – Especulações sobre o OM
As especulações upanishádicas sobre o om às vezes têm ainda outro aspecto: essa sílaba é considerada decomponível e, então, descobrimos três elementos (a + u + m) ou quatro (a + u + m + om, ou o que, com o alongamento, tem três “mores” e m que tem um, formando quatro). Posteriormente, essa abordagem…
-
Padoux (APPA:nota) – sujeitos conscientes limitados
Tr. Antonio Carneiro Os sujeitos conscientes limitados não são o que são senão por participação no supremo Sujeito consciente que, no microcosmo, está presente no coração de todos, assim como, para o macrocosmo, reside no Coração de Xiva. O supremo Sujeito consciente é o substrato e o fundamento dos sujeitos empíricos. Dá-lhes vida e realidade.…
-
Padoux (APEP:29-30) – quadripartição do brahman
A quadripartição de Brahman, a Palavra ou o Universo, no entanto, é ainda mais antiga que a Upanishad. Seu mais célebre representante é o hino a Purusha no Rigveda (X. 90), segundo o qual o Gigante primordial se dividiu em quatro: “Todos os seres são um quarto dele; os imortais no céu, os outros três…