Categoria: Mark Dyczkowski
-
Dyczkowski (MDDV:37-39) – absolutez do absoluto
O Śaiva absolutista rejeita qualquer teoria que sustente que o universo é menos do que real. Do seu ponto de vista, uma doutrina de duas verdades, uma absoluta e outra relativa, põe em risco o próprio fundamento do monismo. A abordagem Śaiva da Caxemira é integral: tudo tem um lugar na economia do todo. É…
-
Dyczkowski (DMDV:24) – Spanda
Spanda é a pulsação espontânea e recorrente do absoluto objetivamente manifesto como o ritmo do surgimento e da diminuição de cada detalhe da imagem cósmica que aparece em sua extensão infinita. Ao mesmo tempo, Spanda é a vibração universal interna da consciência como sua perceptividade pura (upalabdhŗta), que constitui igualmente sua subjetividade cognoscente (jñātŗva) e…
-
Dyczkowski (MDDV:73-74) – unidade e diversidade
Embora diversos elementos possam aparecer na consciência, devem ser distinguidos uns dos outros. As aparências individuais compartilham uma natureza comum como aparências e, portanto, não podem se separar umas das outras; caso contrário, os elementos separados, desassociados de sua natureza essencial, não apareceriam de forma alguma. Estabelecido em sua própria natureza indiferenciada (aviśiṣṭa), o universo…
-
Dyczkowski (MDDV:39-40) – Finito e Infinito
O Novo Caminho (navamārga) ensinado na doutrina Kashmiri Śaiva é a transcendência por meio da participação ativa. Não é a liberdade “de”, mas a liberdade “para”. O desejo não é negado, mas aceito em um nível mais elevado como a pura vontade ou liberdade (svātantrya) do absoluto. O desejo deve ser eliminado somente se for…
-
Dyczkowski (MDDV:52-54) – Realismo do Xivaísmo de Caxemira
A abordagem do Xivaísmo de Caxemira entende o mundo como um símbolo do absoluto, ou seja, como a maneira pela qual este se apresenta a nós. Novamente, podemos contrastar essa visão com a do Advaita Vedānta. O Advaita Vedānta entende o mundo como uma expressão do absoluto na medida em que existe em virtude do…
-
Dyczkowski (MDDV:20-22) – Doutrina da Vibração [Spanda]
Assim como a escola Pratyabhijnā recebeu o nome das Estrofes sobre o Reconhecimento de Deus, de Utpaladeva, a escola Spanda recebeu seu nome de um de seus textos raiz, a saber, Spandakārikā, as Estrofes sobre Vibração. A filosofia da Pratyabhijnā se concentra no reconhecimento libertador da identidade autêntica da alma como Śiva, enquanto a [21]…
-
Dyczkowski (MDDV:78) – Jogo Divino
O surgimento de um objeto específico no campo do ser/estar-ciente é acompanhado por uma representação mental por meio da qual o sujeito identifica o objeto e o distingue de outros. Assim, a maneira pela qual o universo objetivo é vivenciado é regida pelos mesmos princípios nos quais o pensamento se baseia. Os fenômenos seguem uns…
-
Dyczkowski (MDDV:77-78) – Ser e Devir
Vimos como o caráter dinâmico (spanda) da consciência absoluta é a sua liberdade de assumir qualquer forma à vontade por meio da diversificação ativa da consciência (vimarśa) no tempo e no espaço, quando é direcionada para o objeto da consciência e assume a forma dele. O movimento da consciência absoluta é um movimento criativo, uma…
-
Dyczkowski (MDDV:50-51) – Consciência
Embora o caxemiriano Śaivite concorde que o mundo é apenas consciência pura, afirma que ele é assim porque é uma criação real da consciência. O efeito é essencialmente idêntico à causa e compartilha de sua realidade. A matéria e o universo inteiro são absolutamente reais, como formas “congeladas” (styāna) ou “contraídas” (saṃkucita) da consciência. “Esse…
-
Dyczkowski (MDDV:notas) – Xivaísmo da Caxemira
O termo “Xivaísmo da Caxemira” pode ser enganoso. O Xivaísmo monista que geralmente indicamos com esse termo não era a única forma de Xivaísmo na Caxemira, nem estava totalmente confinado à Caxemira. Os estudiosos souberam pela primeira vez da existência de uma forma distinta de teologia Śaiva predominante na Caxemira quando a obra do século…
-
Dyczkowski (MDDV:74-75) – ato de consciência
[…] Assim, diz-se que vimarśa opera de quatro maneiras: (1) nega sua verdadeira natureza e (2) identifica-se com outra coisa, (3) funde ambas em uma e (4) nega ambas depois de terem sido fundidas. Essas quatro funções correspondem a três níveis de ser/estar-ciente reflexivo, a saber, o ser/estar-ciente da separação, da união e da união…
-
Dyczkowski (MDDV:17-19) – Filosofia do Reconhecimento
Pratyabhijnā [Filosofia do Reconhecimento] representa a expressão mais completa do monismo Śaiva, sistematicamente elaborada em uma teologia racional de Śiva e na filosofia da consciência absoluta com a qual é identificado. O Pratyabhijnā leva o nome das Estrofes sobre o Reconhecimento de Deus (Īśvarapratyabhijnākārikā) escritas por Utpaladeva no início do século X. Utpaladeva entendia que…
-
Dyczkowski (MDDV:34-36) – Advaita Vedanta
O Advaita Vedānta surgiu, em grande parte, como uma crítica ao dualismo Sāmkhya. O Sāmkhya clássico postula duas realidades, ambas eternas, mas de natureza contrária. Uma é Puruşa, “a Pessoa”, a outra é Prakŗti ou “Natureza”. A Pessoa é o Si que, como consciência senciente pura, é a testemunha da atividade de tudo o que…
-
Dyczkowski (MDDV:40-41) – paixões e desapego
A involução dos fenômenos e sua reassimilação no absoluto não são suficientes. O verdadeiro conhecimento e o perfeito desapego só podem ser alcançados quando percebemos que o universo é a expansão (vikāsa) do vazio absoluto de conteúdo (śūnyarūpa). A vontade absoluta (icchā) é a força motriz por trás dessa expansão cósmica. É a intenção pura…
-
Dyczkowski (MDDV:34) – Liberdade
A meta é a liberdade (svātantrya) no sentido tanto de autonomia (kaivalya) quanto de domínio (aīśvarya). Ela só pode ser alcançada se conseguirmos nos livrar das restrições e limitações externas. Para fazer isso, devemos ser capazes de homologar uma realidade única e abrangente, da qual nada é excluído — nem o mundo nem nós mesmos.…
-
Dyczkowski (MDDV:41-42) – Um-Muitos
A realidade única se manifesta tanto como unidade quanto como diversidade. Não pode haver unidade real a menos que os diversos elementos estejam unidos na totalidade da totalidade. Por outro lado, sem unidade, a diversidade seria ininteligível. Uma dispersão total de elementos não constitui diversidade, mas um número de unidades únicas e não relacionadas. Assim…
-
Dyczkowski (MDDV:71-73) – cognição
A cognição seria impossível se a consciência fosse incapaz de realizá-la. Essa capacidade é o ser/estar-ciente reflexivo que tem de si mesmo como pura consciência do “eu”. Quando é condicionada pelo objeto de conhecimento, que, por sua vez, é condicionado pelas forças e leis que governam o universo físico (todos os quais são aspectos do…
-
Dyczkowski (MDJWT:13) – O Si-mesmo enquanto Brahman [Si-cum-Brahman]
Embora os Upaniṣads já tivessem proclamado a unicidade do Ser — Ātman — e do Absoluto — Brahman — séculos antes, a formulação dessa identidade fundamental dessa maneira é verdadeiramente única na história do pensamento indiano. Patañjali ensina em seu Yogasūtra que o objeto de concentração mais elevado e sutil é o sentido de “eu-dade”…
-
Dyczkowski (MDDV:48-50) – Consciência e Universo
Universo e consciência são dois aspectos do todo, assim como qualidade e substância constituem dois aspectos de uma única entidade. Universo é um atributo (dharma) de consciência que o porta (dharmin) como sua substância. Diz-se que a “substância” é o repouso no qual todo esse grupo de categorias se manifesta e se torna efetivo. Agora,…
-
Dyczkowski (MDDV:79-80) – criação e maya
Quando o poder da ser/estar-ciente [awarenesss] dá origem a um senso de separação entre sujeito e objeto, com todas as limitações consequentes que impõe a si mesmo, este poder é chamado de ‘Māyā’. Como Māyā, encobre a consciência [consciousness] e obscurece o ser/estar-ciente do sujeito individual de sua unidade essencial. Enquanto o Vedānta não dualista…