Categoria: Lilian Silburn (1908-1993)
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Abhinavagupta (Tantraloka) – Tripla Via (Silburn)
“Enquanto o Onipresente revela sua própria Essência em sua plenitude a certos sujeitos conscientes, ele a revela gradualmente a outros (I., 140). A revelação de sua Essência — essa natureza única e universalmente presente — é o Conhecimento supremo para o indivíduo. Outra forma de Conhecimento, inferior, tem muitos aspectos. Ela pode se revelar por…
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Abhinavagupta: Tantraloka I – Estrofes Finais (Silburn)
330. O Si é luz consciente indivisível: é coextensivo com todas as energias. Escondendo sua própria grandeza, Ele parece cativo (baddha). Sua liberação resulta da manifestação de sua natureza essencial (svabhāva): a efusão luminosa do Si. Uma vez que (essa liberação) tem vários modos, assume várias formas: o objetivo deste (capítulo) foi descrevê-las brevemente. 331.…
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Lilian Silburn
Diretora de pesquisa no CNRS, professora da Sorbonne, pesquisadora das tradições da Índia, em especial o Xivaísmo de Caxemira. Tem alguns estudos notáveis que estaremos referenciando e extraindo citações, tais como sua organização da grande compilação sobre Budismo, Aux sources du bouddhisme, assim como das compilações temáticas «Hermès» (por exemplo, «Le Vide»). Não esqueceremos também…
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Silburn (AGHinos:) – advaya e advaita
Disso decorre outra diferença não menos importante, que diz respeito ao advaya. Em Śañkara, um defensor da advaita em sua forma mais rigorosa, o Um-sem-segundo, a única indiferenciação pura e real (nirvikalpa) exclui qualquer tendência à dualidade, enquanto o advaya do Trika, apresentando-se como o Todo único do qual nada é excluído, engloba advaita e…
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Silburn (Hermes1:47) – Consciência
Os xivaítas da Caxemira foram muito claros sobre este assunto. Com que simplicidade não afirmam que a Consciência, evidente por si mesma, em si mesma, é para si mesma a sua própria prova1. Nenhum meio ou critério de conhecimento pode revelá-la: longe de demonstrar sua existência, esses meios dependem da consciência e, sem ela, não…
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Silburn (Hermes1:141-144) – as energias divinas
Em Paramaśiva — o Todo indiferenciado e indescritível — Śiva está indissoluvelmente unido à energia, mas esta, no curso da manifestação, parece se separar dele para assumir aspectos cada vez mais distintos e determinados. A energia livre traz à tona as outras energias que ela ainda contém indivisivelmente dentro de si, revelando cada uma por…
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Silburn (AGLT:38) – ignorância
Essa ignorância, deve-se observar, não é pessoal: ela é metafísica porque faz parte da condição humana. Ela é cósmica, pois é pelo fato de que, ao manifestar o universo, ele próprio oculta sua luz pura e perfeita, sua Consciência imaculada, que o Senhor se torna invisível para os ignorantes. Somente o homem sábio, o místico…
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Silburn (AGLT:82-83) – vikalpa (conceituação)
Tr. Antonio Carneiro Vikalpa é um termo difícil de traduzir. Construído sobre a raiz KLP, kalpate, com prefixo vi-, marcando a divisão, a divergência, a separação, vikalpa é uma organização dissociadora ou uma produção por separação. O termo designa também a alternativa, a opção entre duas coisas ou a dúvida, mas também o pensamento conceitual,…
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Silburn & Padoux (AGLT:37-40) – ignorância metafísica
Esse sentido e lógica, bem como esse objetivo libertador, do TĀ são sublinhados por Abhinavagupta no primeiro capítulo, onde, desde o início, ele define a Realidade suprema, mostra como manifesta o universo enquanto permanece presente nele e indica como o ser humano, que surgiu dentro dessa manifestação e é prisioneiro de seu brilho, pode —…
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Silburn & Padoux (AGLT:42-43) – quintupla atividade de Shiva
Uma página que Lilian Silburn escreveu há algum tempo, quando já estava pensando em publicar uma tradução dos primeiros cinco capítulos do TĀ, mostra claramente como essa atividade quíntupla de Śiva ocorre, no plano divino e no do ser humano: “Paramaśiva, a Consciência absoluta, existiria sozinho, em si mesmo, se, de uma forma de jogo,…
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Silburn & Padoux (AGLT:44-45) – graça
Se essas cinco funções de Śiva são cinco aspectos inseparáveis de sua atividade, a última, entretanto, a graça, é considerada a mais elevada. Abhinavagupta enfatiza essa preeminência desde as primeiras palavras de seu comentário sobre o Parātrimśikā (AGP), onde ele identifica Śiva com a energia suprema que é a graça: “O Senhor supremo, dotado de…
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Silburn (MMP:15) – Kula
O termo Kula designa a Realidade última que contém em si Śiva e śakti ou anuttara e anuttarī, cuja união gera bem-aventurança. Enquanto o Trika enfatiza a não dualidade (advaita) da Consciência, o Kula insiste em sua infinidade e liberdade (svātantrya): nessa infinidade que não exclui nada, os pontos de vista mais opostos encontram lugar,…
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Silburn (AGP:Intro) – Xivaísmo de Caxemira
O Śivaīsm de Kashmīr é geralmente conhecido pelos nomes Trika e Pratyabhijñādarśana, a fim de distingui-lo do Śivaīsm dualista chamado Śivāgama e Siddhānta, mas Abhinavagupta prefere se referir à sua escola como Svātantryavāda ou, melhor ainda, Bhairavaśāsana, e com razão, pois esse sistema enfatiza, do ponto de vista metafísico, a livre espontaneidade ou vontade (svātantrya),…
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Silburn (Hermes1:57-58) – Consciência ou Shiva
No śivaīsm, a Consciência absoluta ou o Śiva supremo contém todos os contrastes e não exclui nada: “O que é chamado de Consciência não é outra coisa senão… a própria natureza do universo inteiro com suas modalidades de ser e não ser”, encontramos no Śivasūtravimarśinī (I. 1). “(Esses) brilhos no meio do Brilho, e (essas)…
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Silburn (Hermes1:145-147) – essência divina enquanto oceano
Tr. Antonio Carneiro Os textos Trika comparam frequentemente a essência divina ao oceano: « Homenagem ao oceano da consciência xivaíta, Essência do Sujeito consciente! » diz um versículo1. E para mostrar como Xiva, unido na beatitude à Energia, se volta em direção ao universo à nascer em um primeiro instante de espera, de expectativa ardente,…
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Silburn (LSBhakti:17-18) – Śiva velado pela ilusão
“Homenagem a Ele… o único que possui poder suficiente para tornar o irreal em muito real”1. Somente Śiva existe, a luz da Consciência indiferenciada (prakāśa) que se manifesta na forma de tudo o que existe. Essa luz repousa em si mesma, daí sua bem-aventurança; livre, porque é única, não há nada de que dependa. Pré-existente…
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Silburn (Hermes1:63) – véu da dualidade
No Xivaísmo, o Senhor, a fim de ocultar sua Essência luminosa, esconde livremente sua autonomia, bem como sua consciência, com a ajuda da energia da grande Ilusão (mahā-māyā) e faz aparecer em seu próprio Si homogêneo, como espaço, uma limitação que se estende a todos os seres. Ele encolhe e cristaliza suas energias de liberdade…
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Silburn: Abhinavagupta
Abhinavagupta viveu na Caxemira no final do século X e início do século XI d.C. Ele foi, sem dúvida, uma das maiores mentes da Índia. Esteta e filósofo, ele tinha a vasta cultura de um brâmane erudito: conhecimento dos “membros auxiliares do Veda”, o vedânga (gramática, poética, exegese de ritos etc.), e dos sistemas tradicionais…
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Silburn (LSKundalini:17-18) – Kundalini
O despertar da kundalini é, de certa forma, o despertar da energia cósmica que está latente em todo ser humano, sendo essa energia a fonte de todos os poderes, de toda a força e de todas as formas de vida de que ele é capaz. A ioga associada à kundalini não é uma prática secundária;…
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Silburn (Hermes1:49) – Essência vivente
Para os místicos da Caxemira, Śiva, sendo inseparável de sua energia, é poder e fecundidade infinitos. Ele opera eternamente. A realidade treme de vida na forma de spanda, ato vibratório; a energia é, de fato, uma fonte que jorra eternamente, sempre em ação; ao vibrar, ela manifesta o diferenciado e é ao vibrar também que…