Todavia este fragmentado nem sempre se desintegra completamente. Pode-se ve-lo, anos a fio, guardar uma espécie de individualidade. O que mantém junto os pedaços? O que faz que, me lembrando de ter nadado ou bebido água fresca, de ter experimentado medo ou cólera, de ter lido um livro ou contado os pregos de uma porta, pretenda que sou eu quem fez ou sofreu estas ações ou estas paixões sem medida comum entre elas? Quem em mim proclama, ironicamente, estas tiradas contínuas do gênero: “Detesto este poema”, “Detesto arroz de vitelo”? Quem é o agente de ligação?
É um tal de Basílio. O homem o criou a sua imagem, a menos que seja o inverso. Mais ele não é maior que um piolho ou, mais proverbialmente, que um ácaro, embora no corpo humano onde ele reside só pode estar em um lugar a cada vez. (texto original)