====== Corbin (ARV:39-41) – símbolo e alegoria ====== A rigorosa conexão do símbolo com o simbolizado distingue da melhor forma o símbolo da alegoria, pois é impossível romper essa conexão, estendê-la e dispersá-la em uma rede infinita de significações, limitando-se, no mesmo nível do ser e no mesmo plano espiritual, a substituir o já expresso por algo que poderia sempre ser expresso de outra forma. A transmutação do sensível e do imaginal em símbolo, o retorno do símbolo à situação que o fez eclodir — esses dois movimentos abrem e fecham o círculo hermenêutico. É por isso que, se a exegese dos símbolos abre em altura e profundidade uma perspectiva talvez sem limites, isso não é de modo algum uma //regressio ad infinitum// no mesmo plano do ser, como um entendimento racional poderia objetar. Essa objeção revelaria um profundo desconhecimento do que diferencia a propriedade de um símbolo e a generalidade de uma alegoria, o desabrochar de uma visão simbólica e a cristalização de um pensamento em dogma. Não se trata nem de substituir o símbolo por uma explicação racional, nem de fixar em um enunciado dogmático a evidência racional assim obtida por redução. Trata-se de alcançar o que foi a experiência da Alma em uma alma, de pressentir para onde tende — e não de deduzir causalmente de onde vem — o Evento que se chama //wilādat-e rūhānī//, nascimento espiritual.