====== Milloué (1905) – Três Mundos ====== Milloué1905   Esses diversos relatos de criação nos conduzem naturalmente a mitos cosmogônicos que, assim como outros, eram desconhecidos nos Vedas; pois dificilmente se poderia aceitar, mesmo como um rudimento primitivo de cosmogonia, a simples menção dos "Três Mundos"—céu, ar ou atmosfera, e terra. Com os //Brâhmanas//, surge um sistema de cosmogonia e cosmologia não menos mítico, mas mais elaborado do que o dos Vedas, inspirado, sem dúvida, pelos novos dados da mitologia. A terra—que compreende sua superfície, o //Patala// (uma região subterrânea, mas curiosamente luminosa), morada dos gênios (//Asuras//, //Daityas//, //Yakchas//, //Nagas//) e os //Narakas//, ou infernos, que formam uma região sombria—é a base sólida de todo o universo. Ela repousa sobre as águas de um oceano, frequentemente chamado //Mar de Leite//, que a envolve completamente, e cujas convulsões provocam fenômenos sísmicos. No centro da terra ergue-se o Monte //Mérou//, um gigantesco pilar que sustenta o céu, e cujas encostas abrigam os diversos paraísos dos deuses—sendo o de Indra, o //Svarga//, situado no topo. Quanto à superfície terrestre, ela é dividida, conforme as diferentes eras, em três, quatro ou sete continentes, dispostos concentricamente ao redor do //Mérou// e separados entre si por oceanos. O continente central, onde se ergue o //Mérou//, é //Djambudvîpa//, a região sagrada e próspera dos //Aryas//, ou seja, a Índia, também chamada //Bhârata-Varcha// ou //País de Bharata//, em homenagem ao seu primeiro rei.