====== Attar (1229) – Fênix ======

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A Fênix é uma ave extraordinária, encontrada em Hindustão. Não tem par, mas vive solitária em isolamento. Seu bico é incrivelmente resistente e longo, como uma flauta, contendo quase cem orifícios. Cada um desses orifícios emite um tom distinto, e cada tom revela um mistério diferente. A arte da música foi ensinada a essa ave por um filósofo, que se tornou seu amigo. Quando a Fênix entoa seus sons, aves e peixes são agitados; todas as feras selvagens ficam em silêncio, e, por essa música arrebatadora, perdem os sentidos.

A Fênix vive cerca de mil anos; conhece com precisão o momento de sua morte e, quando essa consciência atormenta seu coração, reúne lenha—cem árvores ou mais—e empilha tudo em um único lugar. Apressa-se a posicionar-se no centro da pira e profere cem lamentos sobre si mesma. Então, por meio de cada um dos orifícios de seu bico, emite clamores lastimosos de dor, vindos das profundezas de sua alma pura, e enquanto pronuncia seu lamento derradeiro, treme como uma folha. Ao som de sua música, todas as aves do céu se reúnem, e as feras selvagens se aproximam, atraídas pelo som, reunindo-se para testemunhar a morte da Fênix, pois sabem que também devem perecer como ela.

No instante em que chega o momento de expirar, a Fênix abre sua cauda e suas penas, e assim um fogo se acende e as chamas se propagam rapidamente sobre a madeira empilhada, ardendo com vigor. Em breve, tanto a pira quanto a ave tornam-se um braseiro incandescente. Quando o carvão ardente se reduz a cinzas e resta apenas uma centelha, então, das cinzas, uma nova Fênix renasce para a vida.