LRVV
Na vida espiritual ativa, só se procede por negação. Para os cristãos, essa negação constante se tornou a resignação. Não se deve esquecer que, se no hinduísmo não há começo, no cristianismo não há fim. O caminho do amor (bhakti) tem seu lugar tanto na atitude de negação quanto na de resignação.
O caminho para atingir o estado de “alma divina” é extremamente longo e bordeado de precipícios dos dois lados. Esse estado de “alma divina” é apenas para um pequeno número e, mesmo assim, permanece submisso às leis da prakriti, toda-poderosa e mecânica. O próprio Jesus Cristo foi crucificado; nada pôde impedir a ação desencadeada da prakriti, que, no nosso nível humano, age exatamente como as leis cósmicas, com a mesma intransigência.
Prakriti contém tudo o que existe. Ela é a matriz divina de toda manifestação. Na prakriti, podem-se observar três diferentes graus:
Tudo é materialidade. Nos Vedas, a palavra tanu significa o corpo, assim como tudo o que se refere à encarnação, e a palavra âtman significa o espírito e tudo o que lhe diz respeito. Essas palavras são intercambiáveis e constantemente usadas uma pela outra, pois expressam a mesma materialidade.
Não há diferença entre espírito e matéria; há apenas uma questão de densidades diferentes.
Quando um pedaço de carvão está incandescente, é impossível dizer se se trata de uma matéria que queima ou de um aglomerado de chamas que simboliza o espírito.
Há aqui um fenômeno de transsubstanciação visível no coração da experiência espiritual.