A melancolia como doençaA melancolia vista pela teologia e a filosofia moralCitação da exortação de João Crisóstomo ao monge Stagirius (Exortação ao monge Stagirius atormentado pelo demônio), escrito ao redor de 380; o estado de melancolia não declara no texto, mas é referido como abatimento ou desencorajamento (athymia); este mesmo entendimento vai ser repetido em Tritemius, como “tristeza melancólica” (vide lype). Diante de um quadro de terríveis pesadelos, dificuldades da fala, convulsões, desespero, desejo de suicídio, desejo de abandonar a vida monástica, Crisostomo lhe aconselha de se entregar à divina providência. Deus permite ao diabo prosseguir sua obra, pelo bem da humanidade, pois é dando ao diabo o poder de tentar e ao homem a força de resistir que ele guiava a alma através da necessidade de se defender, até a virtude. A “tristeza melancólica” tornava, de fato, a vitória do diabo mais fácil; o diabo triunfava pelo desencorajamento dos homens, pela athymia. A melancolia se caracteriza assim como uma provação que a reflexão poderia tornar compreensiva e suportável.