Outra Margem (Le Saux)

Saux1991

Para quem passou para a outra margem, como dizia Buda, o Iluminado, não há mais margem de partida, nem margem de chegada, nem vau que foi atravessado, nem jangada que o atravessou, nem ninguém que jamais tenha atravessado… o mistério eterno do Ser inacessível ao devir e, no entanto, inteiramente presente nesse devir em que se manifesta. (Gnanananda, p. 82.)

Todas as obras que o homem realiza são para passar para a outra margem, quer ele saiba disso ou não pense nisso. Ele passa em sonhos, passa para o mundo dos mitos e dos símbolos, no mundo dos sinais, portadores da realidade. (Iniciação à espiritualidade dos Upanishads, p. 36.)

Ele passa para a outra margem do seu coração no grande sacramento do Universo e da Humanidade. Cada homem que ele cruza e cada ser que ele toca é o seu Passador, e tudo o que ele vive nos acontecimentos do mundo, na história dos homens e na sua própria história, fora de si mesmo como dentro do seu pensamento, é a passagem para a outra margem de si mesmo, para as profundezas de si mesmo inacessíveis à sua própria consciência. (Iniciação à espiritualidade dos Upanishads, p. 36.)

Mas a outra margem deve ser alcançada sozinho, nu da nudez da pedra, nu da nudez do vidro, nu da nudez de si mesmo. (Iniciação à espiritualidade dos Upanishads, p. 37.)