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Para eles, toda a experiência é um fragmento da experiência integral e perfeita do ser que caracteriza o Senhor. Ver um vaso — exemplo clássico dado nos textos indianos — é ver-se a si mesmo, ver o Ser ilimitado, mas vê-lo “contraído” às dimensões deste vaso, agora, neste lugar. Da mesma forma, todo desejo, todo amor, toda atividade têm, na realidade, o Senhor como objeto, e é o próprio Senhor que é o sujeito, o agente e o iniciador. Todos os seres formam, portanto, um só, assim como todos os desejos são um só, e as experiências e os atos também. Nada existe fora dessa manifestação que é o Senhor. Só existe ele. Ora, todo erro pressupõe a existência de pelo menos dois objetos (como a corda e a cobra). Da mesma forma, não existe ignorância, se entendemos por isso uma ausência pura e simples de conhecimento. Pois tudo é abrangido pelo olhar da consciência, que é a própria essência de todo conhecimento. Nesse sentido, nada é falso.

Mas, se o conhecimento tal como revelado por Abhinavagupta é, mesmo assim, superior aos outros e aos conhecimentos profanos, é porque oferece um conhecimento total, completo (pūrna), enquanto todas as outras religiões e sistemas filosóficos mencionam apenas este ou aquele aspecto. Por exemplo, alguns veem apenas o Absoluto imutável e esquecem a atividade, ou seja, a liberdade. Outros veem apenas as coisas deste mundo. Outros ainda veem apenas as percepções e afirmam que todos os conceitos são falsos. Isoladamente, todos estão errados. Por causa disso, seus adeptos não podem alcançar a verdadeira liberdade. Mas, compreendidos em conjunto, como um quebra-cabeça, eles formam diferentes momentos ou etapas do conhecimento que o Senhor toma de si mesmo. E esse conhecimento não é outro senão a Deusa, sua fiel esposa.