LRVV

Minha única ambição foi aprender a falar sem palavras, isto é, ser a fumaça de um fogo que os outros não veem ou o som de uma música que os outros não ouvem. Isso me levou cinquenta anos.

Duas ideias sempre correram à minha frente. A primeira foi ser o viajante que segue uma trilha com um objetivo preciso: tocar Deus e servi-Lo. A segunda ideia foi de expansão: saber se espalhar como um gás, sem destino algum, pois os sábios védicos (rishis) disseram: “Eles se tornam o Um, aqueles que alcançaram a pura Existência (sat).”

Tantas pessoas vêm me ver e só querem palavras! Se não falo, ficam perturbadas. Então, falo de forma poética, e isso as ocupa por um tempo.

Mas onde estão aqueles a quem posso dar uma tarefa na vida, uma tarefa que seja a expressão de sua fervor espiritual? Se não és lavrador, o que sabes sobre lavrar? Se não és um homem de ação, o que sabes sobre uma tarefa a cumprir?

Na semente do pensamento, ação, oração, meditação, coexistem na sensação de ser, e a ação não é o que os homens fizeram dela: uma ação subjetiva, hipócrita, que se afasta do centro do ser.

Ignoram que a criação nasceu de uma ação. Viver também é uma ação. Viver poderia ser reconhecer o “Homem no templo do coração” e servi-Lo perfeitamente.