Anirvan (LRVV) – nasce em ti, nasce contigo...
LRVV
Sahaja é um estado que se define da seguinte maneira: “O que nasce em ti, o que nasce contigo…” O corpo, a mente, o impulso vital, a inteligência divina estão ali. Nada pode ser rejeitado nem mutilado, para que uma única e mesma coisa possa ser conscientemente estabelecida. Por isso o Sāmkhya, que é o caminho para alcançar o estado de sahaja, fala muito do estado de vigília — que é o plano normal de toda atividade —, depois do estado de consciência interiorizada no sonho, que, posteriormente, se torna o estado de sono profundo. O quarto estado é o de um despertar interior, testemunha do sono profundo. Shankarāchārya , em sua filosofia, dá indicações relativas a esses quatro estados diferentes. O sahaja conhece um quinto estado, o de uma consciência totalmente desperta, que contém em si mesma os estados normais de vigília, sonho, sono profundo e testemunha do sono profundo. Não há mais diferenciação entre nenhum estado; todos estão unificados num único ponto. A partir desse momento, tudo desfila diante de ti e se torna teu alimento. Tudo é “uma única e mesma coisa em ti”. Então, uma nova tarefa se impõe no domínio da sensação e do relaxamento. Trata-se do esquecimento de si, de um apagamento voluntário de si mesmo, que é um “deixar ir” numa zona muito sutil a descobrir . O esquecimento voluntário é um trabalho tão difícil quanto o de habituar a mente a lembrar-se dos detalhes da autoobservação. Só é abordado muito mais tarde, apenas quando a memória se tornou dócil e não cumpre mais senão seu verdadeiro papel. Esse trabalho é lento. Ele é, em si mesmo, uma verdadeira disciplina. Depois, o esforço de esquecer cai quando desaparece a contração que determina o campo do trabalho. Sem contração, não há esforço direcionado. Uma vez reconhecido, a contração se dissolve, e uma atenção muito especial, vinda de muito longe, instala-se em seu lugar. Ela é indiferente ao que acontece, embora atenta. Não tem ordens a dar e não conhece impaciência. Simplesmente observa como a grande Natureza (Prakriti) opera, pois mesmo no domínio sutil do esquecimento voluntário, ainda se trata da Prakriti. É impossível querer esquecer, pois o esquecimento procede de um princípio desprovido de toda forma. Se um movimento vindo do coração e da mente invade o ser, nesse momento já não és senão um sino sem badalo que vibra, preenchido pelo eco de um som vindo de outro lugar. Aceita em ti mesmo a ideia de que não tens mais que vinte e quatro horas para viver. Que essas horas sejam brilhantes de clareza para cumprir tua tarefa. Não as deixes se obscurecer, pois elas te foram confiadas. Essa duração de vinte e quatro horas é tua eternidade. Diante desse presente, que tem três dimensões, é impossível imaginar o futuro. Não tentes esticar o tempo, nem cortá-lo, alongá-lo ou encurtá-lo. Tudo está tão pleno e, ao mesmo tempo, tão vazio!
