Ativarnashrami (ACA:8) – Morte
O acontecimento da tua própria morte… como foi ele experimentado?… Sabes?… há uma pergunta chave que eu li há muitos anos… embora isso tenha sido depois do teu desaparecimento… Seu significado estava para mim carregado de um sentido misterioso que ultrapassava minha compreensão… Era imensamente atraente… e ao mesmo tempo constituía um desafio que me sobrepujava… O que esta pergunta perguntava se dirigia diretamente a mim… mas concernia ao acontecimento que tu já havias passado… A pergunta era… “na partida de quem partirei quando eu partir?”… Se a resposta é que eu partirei neste mesmo corpo-mente… nesta consciência de ter estado sendo esta forma cujo nome é Pedro… então eu partirei de fato deste mundo para mergulhar na mortalidade… Mas se a resposta é… “Esta pergunta está mal feita”… não sou eu quem vai partir para lugar algum… é esta consciência de ter estado sendo esta forma corpo-mente cujo nome é Pedro que vai partir para se reabsorver em mim mesmo como se reabsorbe em mim mesmo um sonho ao despertar… Não há em mim absolutamente nenhuma partida… como não houve em mim absolutamente nenhuma vinda… Não há em mim absolutamente nenhuma morte… como não houve em mim absolutamente nenhum nascimento… Esta pergunta está mal feita… Se eu a tomar por boa… terei aceitado a identidade corpo-mente… Só uma coisa mais pequena pode ir a algum lugar dentro de um âmbito maior… Mas o âmbito mesmo onde tudo vem e vai… para onde pode ele ir?… Ele é o substrato… a realidade em cujo seio absolutamente ilimitado pode parecer que algo tenha vindo… a insondável imutabilidade vazia onde esta forma corpo-mente que responde ao nome de Pedro… e que é unicamente percepção… pode parecer estar sendo e percebendo…
Na partida de quem partirei eu… substrato absoluto de tudo quanto parece estar sendo… quando o que parece estar sendo cessar de parecer ser?… Em quem cessará de parecer estar sendo o que parece ser… quando cessar de parecer ser?… Oh… Alfonso… devido a que tenho a certeza absoluta de que agora estás em posição de compreender-me falo nestes termos contigo… Contigo não tenho que parecer… não tenho que dissimular… Tu sabes agora perfeitamente que aqui não se trata absolutamente de ser ou não ser mais que ninguém… Isto não tem absolutamente nada a ver com ser ou não ser… Os vivos… devido à sua incondicional identificação com o que apareceu sobre este magnânimo substrato… devido à sua identificação incondicional com a forma corpo-mente que está sendo experimentada… são absolutamente incapazes de compreender realmente a pergunta… Eles creem ter uma resposta para ela… “Na partida de quem partirei eu quando partir?”… Eles professam cegamente a fé de que nasceram com a aparição desta forma corpo-mente… eles creem que eles estão vindo e partindo deste mundo pelas portas do nascimento e da morte… Para eles… este mundo é o que parece estável… enquanto eles vêm a ele… lutam desesperadamente por crescer nele… por possuir algo dele… por reter algo dele… suplicam amargamente não ter que partir dele nunca… e finalmente… quando este mundo e seu presenciador parte deles… eles imaginam que são eles os que partem… Por isso… querido Alfonso… a verdadeira pergunta é… “Partirei eu na forma desta miserável cobiça de experiência que tem sido minha forma neste mundo… ou abandonarei absolutamente minha identidade a ela e a verei esvanecer e desaparecer em mim como se esvanece e desaparece um sonho?”… A resposta à identidade incondicional à sede de experiência que creem ser os vivos é Deus… A pequenez mísera que eles creem ser sairá do corpo e percorrendo um espaço espiritual incalculável chegará finalmente a Deus… Mas minha resposta é que nada eu… nada meu veio nunca nem partirá nunca… Tudo o que é ou simplesmente parece ser… isso partirá de mim…
