Então eu disse…~ “Como fazes para que me escutes neste instante?…~ como fazes para que vejas?…~ como fazes para que compreendas?…~ como fazes para que sintas que és?…~ Eu quero saber como o fazes…~ Eu quero que me digas como fazes para que me escutes?”…~ Então escuto atentamente o silêncio que é sua resposta…~ Em seguida, ouve-se um tímido “eu não sei…~ eu não sei como o faço”…~ Mais silêncio…~ E ele acrescenta…~ “Mas todo mundo o faz”…~ Então eu digo…~ “Se alguma vez te proporem mudar por alguém…~ qual será a sua resposta?”…~ —“Minha resposta seria ‘não’…~ ele diz”…~ —Então…~ eu pergunto…~ por que me respondes que todo mundo o faz?…~ Qual é a diferença entre ti mesmo e todo mundo…~ que, segundo tu…~ faz exatamente o mesmo que fazes quando escutas…~ quando vês…~ quando sentes que és?…~ Não estou interessado em que nenhum outro que não tu me responda às perguntas que te faço…~ Dirijo-me exclusivamente a ti…~ És tu a quem pergunto…~ diga-me…~ quando sentes amor…~ como fazes para que sintas amor?…~ como fazes para que estejas escutando o que te digo?…~ em que consiste o teu escutar o que te digo?…~ de que é feito o teu escutar o que te digo?…~ É a ti a quem pergunto…~ Não me digas o que dizem os livros…~ não me fales de processos…~ não me fales de órgãos…~ Podes abrir um cadáver e me mostrar toda a instrumentalidade da escuta…~ Mas isso não é o que eu quero que me digas…~ O que quero que me digas é isto…~: Neste instante…~ tu…~ que estás escutando isto que escutas…~ tu…~ tu mesmo…~ não nenhum outro…~ não os demais…~ senão tu que escutas…~ diga-me…~ como fazes para que escutes?…~ como fazes para que vejas?…~ como fazes para que sintas?…~ como fazes para que estejas sabendo que és?”…~ “Diga-me como fazes para que te encontres nesse corpo que crês que és tu…~ Eu quero saber em que parte dele te encontras que estás…~ Eu quero que te busques a ti mesmo no que chamas teu corpo…~ eu quero que te encontres…~ e quero que me digas em que parte dele te encontras que estás…~ Quero que me digas o que encontras que és…~ Quero que me digas se encontras que és carne…~ ou sangue ou ossos…~ quero que me digas que parte deste corpo encontras que és”…~ “E quero que me digas em que consistes…~ quero que me digas de que encontras que és feito…~ quero que me digas como fazes para que me escutes…~ Quero que me digas como prendes a ti este corpo…~ quero que me mostres como o atas a ti…~ Em que parte deste corpo encontras que estás?…~ em que parte do que chamas tua mente encontras que estás?…~ em que parte do que chamas tua alma encontras que estás?…~ em que parte do que chamas teu espírito encontras que estás?…~ Em que encontras que consistes?…~ Por favor…~ não me respondas o que leste ou aprendeste de outros…~ Eu só quero que, já que se trata de ti mesmo…~ tu mesmo me respondas…~ Certamente…~ trata-se de ti mesmo…~ Que outro que não tu mesmo tem o conhecimento de ser tu mesmo senão tu?…~ Como pode outro que não tu mesmo estar sabendo neste instante que sentes que és?…~ Diga-me…~ neste preciso instante…~ como fazes para que tu…~ e só tu…~ estejas sentindo que és?”…~