Nas doutrinas hindus, diz-se que no princípio nada de tudo isso estava aqui…~ Em seguida, diz-se que esse princípio se sentiu sozinho…~ e que, sentindo-se sozinho…~ desejou…~ que fosse comigo que eu sentisse a sensação de mim mesmo…~ que fosse comigo que eu fosse muitos…~ que fosse comigo que eu tivesse consciência reflexiva de mim mesmo…~ Eu sei por mim mesmo que a primeira proposição é absolutamente verdadeira…~ Por mim mesmo tenho o conhecimento de que nada de tudo isso estava comigo…~ O que nomeia tudo isso?…~ Tudo isso nomeia o estado nascimento…~ É a mim que está acontecendo presenciar tudo isso que eu não presenciava…~ Ora…~ em mim mesmo não encontro a menor prova de que tenha havido jamais esse sentir-se sozinho que constitui a segunda proposição…~ Encontro que em mim não havia ninguém para se dar conta de uma solidão que nunca havia sido sentida…~ Encontro que este estado verdadeiramente meu era total…~ absoluto…~ autocontido…~ sem nenhum rastro de sensação de mim mesmo…~ sem nenhum rastro de desejo…~ Isso…~ havia sido exatamente idêntico a si mesmo…~ por isso não posso encontrar o princípio do meu princípio…~ Em mim não havia nem conhecedor nem conhecido…~ nem sentidor nem sentido…~ nem desejador nem desejado…~ nem solidão nem sozinho…~ Em mim não havia mentação…~ Este estado nascimento não havia sido presenciado jamais…~ e não havia ninguém para querer sua presença…~ De modo que eu jamais havia me sentido sozinho…~ o desejo de sentir não havia sido sentido jamais…~ Em mim não havia desejo…~ Como posso eu então reconhecer que sou eu mesmo quem se sentiu sozinho…~ quando jamais havia havido sensação?…~ Como posso eu então reconhecer que sou eu mesmo quem desejou sentir a sensação de mim mesmo…~ quando jamais havia desejo?…~