Ativarnashrami (ALE:1670) – alienação
Olhem… o resultado da submissão ao próprio ego… é sempre o estado de alienação… O ignorante de sua própria natureza verdadeira está alienado… prisioneiro na cadeia de suas próprias fantasias… Cortado da visão e verificação de sua verdadeira natureza… vai e vem em sua prisão como um prisioneiro inquieto… A pressão de seu peito se torna angústia… e por mais que busque não encontra repouso nem sossego… As pessoas e as coisas nas quais confia… parecem evitar dar o que lhes pede… É como se nunca acertassem no ponto preciso que traria repouso… E busca e busca… sem nunca encontrar o que busca…
A este estado se chama o estado de alienação… e ao afetado por ele… diz-se que está alienado… ou que sofre a doença da alienação… Não importa que esteja rodeado de pessoas… não importa que lhe digam que é amado… não importa que não careça de nada… Quando se põe em movimento para se aproximar de algo ou alguém… sempre antepõe sua ilusão de como esse algo ou alguém deveria ser para ser de sua completa satisfação… O alienado nunca vê nem sente nem compreende verdadeiramente ninguém… O que vê e sente e compreende é sua ânsia de como esse alguém deveria ser para resultar de sua inteira satisfação… Compreendem?… Com o único que se comunica o alienado é com as criações ilusórias de seu próprio ego… Imagina… e anseia que sua imaginação cobre vida… É como fazer bonecos e tentar lhes infundir vida… Isso não é possível… De modo que tudo o que o alienado toca… desmorona entre suas mãos como madeira velha… e onde acreditava estar seu sossego acaba mostrando que era apenas uma porta para o deserto da alienação…
O importante em toda doença é que pelo sintoma se saiba reconhecer que está doente… Se for capaz de reconhecer que seu estado responde à sintomatologia de um alienado… então deve revisar contemplativamente toda sua vida para compreender profundamente que a forma como tem operado até então resultou nesta doença da alienação… Deve ser sincero e honesto consigo mesmo… e ver que nem mesmo nos momentos em que acreditou estar sendo verdadeiramente compreendido sua alienação foi rompida…
É impossível descrever a dureza do sofrimento que atormenta quem sofre a doença da alienação… Mas não há nenhuma possibilidade de cura se não compreender que está doente… Se nada do que se acreditou fazer para romper a alienação conseguiu tirar dele… se todos os amigos… amados… parentes… pais e filhos… fecharam sua porta em um momento ou outro à sede de algo inapreensível que não estava neles… então deve refletir para si mesmo que o que busca não está neles… que busca neles algo que quer que esteja neles… mas que na realidade não está…
Nunca se consentirá em reconhecer-se afligido pela doença da alienação enquanto se sentir impelido a buscar cegamente na mesma direção em que sempre buscou… O verdadeiro doente de alienação… que não vê nem quer ver sua doença… diz para si mesmo… “Não encontro em minha vida um momento de repouso… um momento de verdadeira felicidade… Sou enormemente infeliz… Estou completamente frustrado”… Imediatamente… a este diagnóstico verdadeiro… completamente cegado pela submissão a seu próprio tirano… inventa um futuro onde se vê em outras condições e com outras pessoas… “Se pudesse ter isto ou aquilo… se esta ou aquela pessoa me amasse e me compreendesse… esta sede de meu coração ficaria satisfeita”…
É muito difícil encontrar em si mesmo a sintomatologia do doente de alienação… É uma afronta à nossa venenosa autoestima reconhecer que o doente é um mesmo…
