Brunton (N6) – Ego e Si mesmo (3)
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Normalmente, o ego é o agente da ação. Isso é aparente. Mas se uma investigação for iniciada e sua fonte e natureza forem penetradas com sucesso, uma descoberta surpreendente sobre o “Eu” será feita. Sua verdadeira energia é derivada do não-eu, do ser puro.
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Esse questionamento incomum de si mesmo, essa demanda para saber o que ele é, pode levar uma vida inteira do exame mais profundo para ser satisfeita.
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O homem é um ponto na mente universal. Como tal, ele está sozinho, de modo que no mundo ele vive com os outros – muito perto deles, mas completamente separado.
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A referência frequente de Ramana Maharshi ao “Eu-Eu” simplesmente significa o Eu Imutável (em contraste com o ego sempre mutável).
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O ego não possui a resposta final para nossas perguntas mais profundas, nem pode. Devemos olhar em outro lugar.
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O homem é como um ator que se tornou tão envolvido na interpretação de seu papel que esqueceu sua identidade original. Isso efetivamente o impede de lembrar quem e o que ele é.
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Não a fórmula de Descartes “Penso, logo existo”, mas a do místico “A Alma está dentro de mim, logo existo.” Pois o “Eu” de Descartes é relativo e mutável, enquanto o do místico é absoluto e permanente.
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Se não houvesse algo dentro de um homem mais elevado do que seu pequeno ego, ele nunca seria levado a abnegá-lo como, em ocasiões, ele o faz.
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O “Eu” conhece a si mesmo como o Overself quando deixa de se limitar à entidade individual, liberando assim sua vontade em toda a sua extensão, finalmente. A ideia de Schrödinger sobre o eu é a consciência pura, ou “material básico” sobre o qual nossas experiências pessoais meramente se acumulam.
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A essência do homem é perfeita, mas o ego do homem não é.
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As aventuras de autodescoberta de alguém só se realizarão quando ele descobrir aquilo que está além do ego.
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Qual é a identidade permanente do homem? Não é lógico que quando a mente de um homem está cheia de seu “Eu” a transbordar, não pode haver espaço para aquilo que o transcende, o Overself?
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Quem é esse ser no espelho? A imagem refletida do seu corpo, vem a resposta. Então lá estou eu! Não, ela continua, o corpo é apenas uma parte de você, aquela parte que é o objeto recebendo sua atenção. E a sua consciência dele? Você está tendo a experiência dele. Então, quem é essa entidade que é você? Para obter a resposta adicional, achei necessário me engajar em um empreendimento duplo. Primeiro, tive que pensar com muito cuidado e profundidade através de um pequeno trecho de filosofia psicológica que estava escondido no núcleo de um conto árabe que pode ter sido o precursor do nosso Robinson Crusoé em inglês, mas que se elevou a um nível mais alto de compreensão e intuição. Era O Despertar da Alma, de Ibn Tufail. Segundo, tive que praticar algo completamente oposto ao pensamento, algo que passei a chamar de Quietude.
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Há o eu pessoal dentro de mim. Há também o Eu impessoal ou Overself dentro de mim. Podemos reagir erroneamente através da visão limitada do ego – ou reconhecer o Overself.
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Nosso verdadeiro Eu não está em movimento, mudança ou forma. Temos que nos identificar com esse Eu invisível.
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“O conhecimento procede de 'O que sou eu?' para 'Eu sou.'” – Abu Hassan el-Shadhili, o Sufi
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Assim como o Ser Divino é tanto Mente-em-si-mesma quanto Mente-em-atividade, dependendo de qual aspecto olhamos, assim como Poder-estático e Poder-dinâmico, seu raio no homem é Ser-Consciência Puro aparecendo como o ego mentalmente ativo, assim como Força Vital aparecendo como corpo fisicamente ativo.
