Brunton (N6) – O Sentido do Eu e a Memória
PBN6
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Como é que eu sou – e sei que sou – substancialmente o mesmo homem hoje que ontem, que me lembro dos acontecimentos de um ano atrás? A resposta deve ser que há um eu contínuo, ou ser, ou mente, em mim, distinto de seus pensamentos ou experiências.
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Nem o sono profundo nem a concussão cerebral nos impedem de recuperar o sentido do “Eu” quando terminam.
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Se procurarmos o eu nessa confusão de instintos contraditórios e tendências mutáveis, encontramos apenas uma confusão. Essas coisas são o conteúdo da consciência, não a faculdade da consciência.
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Até mesmo o soldado com trauma de guerra que sofre de uma amnésia quase total, esquecendo sua identidade pessoal e sua história pessoal, não sofre nenhuma perda da consciência de que ele existe. Suas ideias e imagens antigas podem ter desaparecido temporária ou mesmo permanentemente, mas a própria mente continua.
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Os sentidos podem nos enganar com uma ilusão física, mas o eu pode nos enganar com uma ilusão mental? Não é o fato certo que não depende da experiência dos sentidos o fato de que existimos como indivíduos e existimos conscientemente? Não é o direito de dizer “Eu sou” a única certeza que não pode ser dissipada, a única verdade que não pode ser negada?
