Panteísmo e panenteísmo (Stambaugh)
StambaughIB
Por outro lado, Masao Abe afirma que nem a transcendência nem a imanência são predicáveis da “relação” entre a natureza búdica e todos os entes. A razão para essas visões aparentemente conflitantes quanto à adequação dos conceitos de transcendência e imanência para caracterizar a relação da natureza búdica com todos os entes é que os “termos” da relação são concebidos de maneira diferente por Dōgen da forma como têm sido tradicionalmente pensados no Ocidente. Assim, mesmo um pensador em alguns aspectos próximo a Dōgen, Spinoza, não é de grande ajuda para compreender essa relação. Spinoza tem sido frequentemente chamado de panteísta, alguém que acredita que todas as coisas são Deus ou que Deus é todas as coisas. O conceito de panteísmo também foi ajustado para significar pan-en-teísmo — que todas as coisas estão em Deus ou que Deus está em todas as coisas. O panteísmo, então, enfatiza a identidade, o panenteísmo a imanência. Mas é preciso defender Spinoza contra a acusação um tanto irracional de panteísmo, pois, para ele, todas as coisas são modos finitos da substância infinita, Deus, e, portanto, nunca podem ser simplesmente equiparadas a essa substância. O modo de uma substância é, na melhor das hipóteses, uma forma de ser dessa substância, não a substância em si. Era precisamente a finitude que Spinoza não conseguia explicar. No entanto, o homem, em seu amor intelectual por Deus, tem a possibilidade de alcançar uma espécie de identidade com Deus, o que está muito longe de dizer que todas as coisas são automaticamente Deus, sem mais nem menos.
