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Tudo é a natureza de Buda (Stambaugh)

StambaughIB

Tendo em mente essas questões de identidade-diferença e transcendência-imanência, vejamos o que Dōgen tem a dizer sobre a relação da natureza búdica com o mundo, com todos os entes. Tomando a passagem do Mahāparinirvāna Sutra que diz: “Todos os entes sencientes, sem exceção, têm a natureza búdica: Tathāgata (Buda) é permanente, sem nenhuma mudança”, Dōgen reinterpreta corajosamente a passagem para significar “Todos são entes sencientes, todos os entes são (tudo é) a natureza de Buda: Tathāgata é permanente, não-ser, ser e mudança”.

A primeira metade dessa reinterpretação nos dá a versão de Dōgen sobre identidade-diferença e transcendência-imanência; a segunda contém sua compreensão da relação da natureza de Buda com o tempo.

Todos os entes são a natureza búdica. Essa afirmação não diz que a natureza búdica é imanente em todos os entes (ou no “mundo”); nem diz que todos os entes são imanentes na natureza búdica. Hee-Jin Kim afirma a última visão, de que todas as existências são imanentes na natureza búdica, mas depois qualifica essa afirmação. A relação misteriosa entre a natureza búdica e toda a existência é expressa em um contexto ligeiramente diferente, da seguinte forma: “Embora não sejam idênticos, eles não são diferentes; embora não sejam diferentes, eles não são um; embora não sejam um, eles não são muitos”. Essa é a maneira de Dogen (e, portanto, do budismo) expressar o não dualismo dos entes e do próprio ser em termos de “nem idênticos nem diferentes” ou “nem um nem muitos” (juitsu-fui ou Jusoku-Juri) ou o princípio Hua-yen de “identidade mútua e penetração mútua” (sōsoku-sōnyū).

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