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Morris (RH) – Quietude e abandono à jornada

MorrisRH

Em contraste com o esforço ascético visível e a busca daqueles que estão na fase inicial da peregrinação exterior, o capítulo 31 (Futuhat) introduz o estado mais elevado e culminante que Ibn Arabi posteriormente descreverá como “o abandono da (ilusão de) viagem” (tark al-safar), mencionado em um capítulo posterior sobre essa condição espiritual. Pois eles compreenderam que a afirmação do “movimento” (isto é, o deslocamento por sua própria vontade e poder) implicava uma pretensão—isto é, a ideia de que eram eles, e não Deus, os verdadeiros agentes do deslocamento—enquanto a quietude (sukun) não era corrompida por tal presunção. Então disseram: “Agora Deus nos ordenou a cruzar estas vastas extensões espirituais e estes desertos perigosos para que O alcancemos. Mas, se os atravessássemos por nós mesmos (ou por meio de nossas próprias almas egoicas: bi-nufusina), não poderíamos garantir que nossas almas não se orgulhariam disso ao chegarem—pois, por natureza, elas tendem à vaidade, ao desejo de precedência e ao amor pelo elogio. E, nesse caso, estaríamos entre aqueles que fracassam neste estado.” Assim, esses viajantes tão especiais, conclui Ibn Arabi, tomaram como seu hijjir—seu lema espiritual e fórmula simbólica de dhikr—a hawqala: “Não há poder senão por Deus”, pois essa expressão está diretamente ligada às ações, seja na prática ou na fala, exterior ou interiormente. Pois as ações são aquilo que lhes foi ordenado realizar—e, na verdade, a jornada é (apenas) ação, envolvendo o coração e o corpo, o espírito e os sentidos.

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