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Solidão (Le Saux)

Saux1991

Quando o espelho da minha consciência está totalmente límpido, então é o absoluto do ser em si mesmo, o sat em seu kevala e inefavelmente solitário, que misteriosamente e implacavelmente se revela em mim. (SHMC, p. 230.)

Aquele que compreendeu não pode mais se contentar com isso. Ele tem apenas um desejo: sair dessa situação; isso é para ele um fogo que o queima. Ele precisa, a todo custo, traçar seu caminho para o Real, no kevala — a solidão final —, ultrapassando os rituais, ultrapassando todo simbolismo e toda mitologia, indo além mesmo dos ensinamentos pronunciados e transmitidos no Véda ] sobre esse Real. (Iniciação à espiritualidade dos Upanishads, p. 43.)

É a experiência do kevala, do Absoluto, da Solidão, experiência da solidão infinita de Deus, não da solidão com Deus, nem da solidão em Deus, do único para o Único, do único com o Único, mas do Único infinitamente e essencialmente Único. A própria solidão de Deus. (Iniciação à espiritualidade dos Upanishads, p. 58.)

A experiência mística cristã, em seu ápice, deve ir além do kevala, da solidão do Ser, além do ekam eva advitiyam, da não dualidade do Ser. (Iniciação à espiritualidade dos Upanishads, p. 63.)

Quando o homem se compromete de verdade com o caminho da gnose (o jnana-marga ]), gnose transintelectual que nada tem a ver com os sistemas ditos gnósticos do mundo helênico), ou, o que dá no mesmo ou quase no mesmo, com os elementos superiores do yoga (concentração, meditação e absorção contemplativa), graus sucessivos de concentração espiritual, uma vez que é normalmente através deles que se opera a passagem definitiva para o jnâna, não pode deixar de acontecer que ele se descubra em breve num estado de solidão insuportável. (Intériorité et révélation, p. 127.)

É-lhe totalmente impossível ligar-se aos elementos da magnífica síntese que outrora a encantou, ou que agora lhe são propostos do exterior. E ouvir-se condenar por orgulho e infidelidade não a ajuda em nada, pelo contrário, afunda-a ainda mais nesse terrível esvaziamento. (Intériorité et révélation, p. 128.)

O kevala é angustiante para quem já o experimentou. (14.9.52; La Montée au fond du coeur, p. 77.)

Se eu quero algo, mesmo que seja a realização, eu quero o objeto do meu pensamento.

O Real não se quer.

Ele é.

Enquanto eu não tiver percebido que Eu sou, tudo o que eu quero é vão, pois o ser não se quer; tudo o que eu faço é vão, pois o ser não se faz.

Não há nada a querer, nada a desejar, nada a buscar, nada a alcançar.

A solidão do ser (de aham asmi).

Pois tudo o que é desejado, buscado ou alcançado é obra do homem, é pensamento do homem — do que não é o que é. (8.4.57; A Ascensão ao Fundo do Coração, p. 246.)

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