Hermes-Tchan

Sem complicações, sem problemas, ser “comum” — essa é a essência do ensinamento de Lin-tsi. Adeptos, não há trabalho (nenhum esforço) na lei do Buda. Tudo se resume em permanecer no ordinário, sem preocupações: cagar e mijar, vestir-se e comer… Um antigo disse: “Só os tolos fazem esforços externos”. Sejam seus próprios mestres em todas as circunstâncias, e imediatamente possuirão a verdade. Os objetos externos que vierem até vocês não poderão desviá-los, e até mesmo os vícios que os impregnaram, e os cinco pecados que levam à danação imediata, se transformarão para vocês num oceano de libertação (A. 52; Y. 59).

Eu lhes digo: não há Buda, não há Lei; não há obras a cultivar, não há frutos (dessas obras) a colher. O que vocês estão buscando tanto nos outros? Cegos que colocam uma cabeça sobre outra! O que lhes falta? São vocês, adeptos, vocês mesmos, exatamente como estão aqui diante de meus olhos, que são o próprio Buda e os Patriarcas; mas vocês não acreditam nisso e buscam fora. Não se enganem: não há Lei lá fora; tampouco há uma Lei que possa ser obtida dentro de vocês (não é preciso obtê-la, ela já está aí). E cuidado para não se apegarem às palavras que lhes digo: descansem, fiquem sem preocupações… Nada de tantas histórias: basta ser comum. Vistam-se, comam seu arroz; passem o tempo sem problemas. Vocês vêm até mim de todos os lados com a ideia de buscar o Buda, buscar a Lei, buscar a libertação, a saída do triplo mundo. Sair do triplo mundo, tolos! Para ir aonde?… Querem conhecer o triplo mundo? Um único pensamento de concupiscência de vocês — eis o mundo do desejo; um único pensamento de ódio — eis o mundo da matéria; um único pensamento de insensatez — eis o mundo imaterial. Esses são os móveis de sua própria casa. O triplo mundo não fala por si mesmo: “Eu sou o triplo mundo”. São vocês, adeptos, vocês que estão aqui vivos diante de meus olhos… são vocês mesmos que colocam um nome no triplo mundo (A. 66-68; Y. 111-113).