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Anirvan (LRVV) – Que posso fazer ?

LRVV

Que posso fazer ? Diante dessa questão, o melhor é não tentar nada por iniciativa própria, mas observar o que acontece. Aquilo que chamamos de nossa vontade não é realmente nossa. Trata-se apenas de uma corrente profunda provocada em nós pela prakriti. Paciência. Se um botão de flor se forma, a flor certamente se abrirá. Então, por que ter pressa? Toda verdadeira criação acontece em silêncio… Abra-se, ou melhor, deixe a prakriti se abrir em você. Sua única possibilidade é se colocar em retirada e, ao mesmo tempo, permanecer desperto ao que se passa.

A ideia de expansão deve ser compreendida corretamente. Não pode haver expansão senão pelo amor. No amor, saímos do nosso pequeno ego. Mas esse amor deve ser impessoal. Posso falar sobre isso utilizando a imagem védica do sol. O sol irradia energia e, por isso mesmo, ilumina, ama, cria. Essa é a essência de sua expansão. Ele não está ligado a nada, e, no entanto, atrai tudo para si em seu reino de luz. Expansão não significa fazer algo, significa ser e tornar-se. A capacidade de agir decorre espontaneamente da capacidade de ser.

O Purusha “é”, enquanto a prakriti só pode “fazer” — e sempre partindo do centro para o exterior, exatamente como o broto verde, muito delicado, que emerge de uma semente germinada. Essa semente, por si mesma, é o Purusha recolhido sobre si, imóvel, e, ao mesmo tempo, criador do movimento da vida. É preciso saber disso e, então, sentir que, dentro de si, você é ao mesmo tempo Purusha e prakriti. Essa é a versão sâmkhya da expansão.

Pergunto-me frequentemente quem orquestra os jogos perigosos das nações; quem, em determinado ano, devora a seiva da vida e, em outro, lhe confere um novo vigor. Tudo isso é obra da prakriti. Como ela é hábil em criar montanhas a partir de um grão de areia! De longe, o Purusha a observa. Ele sorri! Na verdade, ela também ri, ao mesmo tempo em que finge estar absorvida na obra que lhe é cara!

Em tudo isso, o importante é permanecer sereno e sorrir, considerando cada coisa com a seriedade de uma criança. E então esquecê-la no instante seguinte! Sempre haverá pesadas obrigações a carregar, mas também se pode deixá-las para trás, uma por uma, à medida que se avança no caminho da vida. As obrigações são como nuvens escuras rolando pelo céu. Quando estão suficientemente pesadas, rompem-se por si mesmas e desaparecem. As obrigações se desfazem com o tempo.

Aceitar tudo é o segredo, mas cuidado para não se apegar a nada!

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