Attar (1229) – Mariposas e a vela
MSRMI
Certa noite, as mariposas se reuniram, atormentadas pelo anseio de se unirem à chama da vela. Todas disseram: “Precisamos encontrar alguém que nos traga notícias daquilo por que ansiamos tão intensamente.”
Uma das mariposas então voou até um castelo distante e avistou a luz de uma vela no interior. Retornou e descreveu o que vira da maneira mais lúcida possível. Contudo, a mariposa sábia, líder da assembleia, disse: “Ela não nos trouxe nenhuma informação real sobre a vela.”
Outra mariposa, então, visitou a vela e se aproximou da luz, chegando a tocar as chamas daquilo que desejava com suas asas; o calor a repeliu e ela foi vencida. Também voltou e revelou algo do mistério, explicando um pouco do significado da união com a vela, mas a mariposa sábia disse-lhe: “Tua explicação vale tanto quanto a de tua companheira.”
Uma terceira mariposa, tomada pelo êxtase do amor, lançou-se violentamente à chama da vela. Arremessou-se para frente e estendeu suas antenas em direção ao fogo. Ao se entregar completamente ao abraço das chamas, seu corpo tornou-se incandescente como a própria luz. Quando a mariposa sábia viu à distância que a vela havia identificado a mariposa consigo mesma e lhe concedera sua própria luz, declarou: “Esta mariposa cumpriu seu desejo, mas apenas ela compreende aquilo que alcançou. Nenhuma outra o sabe, e isso é tudo.”
Em verdade, aquele que perdeu todo conhecimento e vestígio de sua própria existência é quem, ao mesmo tempo, encontrou o conhecimento do Amado. Enquanto não abandonarmos o apego ao próprio corpo e alma, como poderemos conhecer plenamente o Objeto de nosso amor?
