Muhasibi (857) – Meditação
MSRMI
A meditação é a porta da gnose—ainda que o servo servisse a Deus com atos externos de devoção por mil anos e mais mil anos, se não estivesse familiarizado com a prática da meditação, todo o seu serviço apenas aumentaria sua distância de Deus, endureceria seu coração e diminuiria sua fé. A meditação é a principal posse do gnóstico, através da qual os sinceros e os tementes a Deus avançam na jornada para Ele; ela traz conforto aos que sofrem e descanso àqueles que renunciaram a tudo por Sua causa. É uma força para os piedosos e um meio de elevação para os devotos.
A parte essencial da recordação de Deus é manter-se próximo d'Ele. Quem se ocupa com Deus se separa das criaturas, e aqueles que estão desprendidos das criaturas fugiram para os domínios da solidão e estão a sós com a doçura da recordação de Deus, e à medida que o coração entra em comunhão com Deus, através da recordação, escapa da solidão. O servo contempla seu Senhor, tendo cortado sua esperança em tudo, exceto n'Ele, e não vê lugar para sua própria escolha, pois Deus lhe basta e nele encontrou a paz da certeza. Nenhuma estação é mais elevada do que aquela na qual a alma habita com Deus em perfeita tranquilidade, porque Ele lhe é suficiente, e ela volta seu olhar para Ele e se afasta das criaturas, sem ter perdido nada e tendo ganho todas as coisas.
O contemplativo já não vê este mundo e o que ele contém, e não mais considera a si mesmo, pois o único objeto de sua contemplação é Deus. Para ele é indiferente se navega sobre o mar ou caminha sobre a terra firme, se desfruta de companhia ou está sozinho, em seus tempos de ação ou de descanso, pois Deus Altíssimo lhe basta, e a vida n'Ele o ocupa em relação a tudo o mais.
