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Siddharameshwar – Quem é este "eu"? (1)

La llave maestra de la realización del Sí mismo, por Shri Sadguru Siddharameshwar Maharaj

Houve uma vez uma pessoa que vivia em uma cidade chamada Andheri (Escuridão). No entanto, conseguiu estabelecer um costume no Tribunal de que nenhuma ordem ou documento fosse aceito como legal a menos que carregasse o selo de “A Porta de Bronze”.

E todos os oficiais daquela cidade aceitavam um documento como legal apenas se ele carregasse o selo de “Gomaji Ganesh, A Porta de Bronze”.

Esse procedimento continuou por muito tempo e, assim, o selo se tornou firmemente estabelecido na cidade de Andheri. Ninguém jamais perguntou quem era esse “Gomaji Ganesh”.

Mas, após algum tempo, aconteceu que um documento importante que não carregava o selo de “Gomaji Ganesh, A Porta de Bronze” foi citado como evidência em um caso decidido no Tribunal, e, conforme visto no procedimento ordinário, era totalmente legal em todos os outros aspectos. Então surgiu a questão de que ele não deveria ser aceito como evidência por não carregar o selo de “Gomaji Ganesh, A Porta de Bronze”.

Naquele momento, um homem corajoso que fazia parte do processo argumentou perante o juiz que o documento era perfeitamente válido, pois carregava todas as assinaturas dos oficiais importantes do governo vigente. Esse homem argumentou: “Por que o documento não é admissível se, por outro lado, é legalmente perfeito? Por que deveria carregar também o selo de 'Gomaji Ganesh'?”.

Dessa forma, ele questionou a legalidade do selo em si e, consequentemente, a legalidade do selo se tornou objeto de disputa. Até aquele dia, ninguém havia ousado levantar essa questão perante o Tribunal. Como foi levantada pela primeira vez, decidiu-se que uma decisão deveria ser tomada sobre os transtornos que esse assunto causava.

O juiz, movido pela curiosidade sobre o procedimento do selo da “Porta de Bronze”, assumiu o caso para investigá-lo. Quando a investigação foi concluída, mostrou-se que uma certa pessoa, sem nenhuma posição oficial, havia se aproveitado da má administração do governo e introduzido seu próprio selo, e que os oficiais do governo haviam seguido a tradição cegamente.

Na verdade, esse Gomaji Ganesh era um homem sem nenhuma importância e não tinha nenhuma autoridade de qualquer tipo. Não é necessário descrever o quanto o selo foi ridicularizado a partir do dia em que o Tribunal tomou essa decisão.

Da mesma maneira, nós também devemos investigar quem é esse “eu” e como ele domina tudo como “eu” e “meu”, como o “Gomaji” descrito na história. É uma regra geral que a disputa de duas pessoas beneficie uma terceira, mas que, se duas coisas se combinam, então uma terceira é produzida. Por exemplo, pelo contato de um pedaço de tecido e flores, produz-se uma guirnalda que não existia antes. Até os nomes dos pais cujo contato foi responsável por produzir a guirnalda são eclipsados assim que a guirnalda passa a existir. A guirnalda é então conhecida por seu próprio nome. Os nomes das flores e do tecido desaparecem, e um novo nome, “guirnalda”, é evocado, e com esse novo nome uma nova ação tem lugar. Com o contato da terra e da água, surge o barro como “eu”, e tanto a terra quanto a água desaparecem. Da mesma forma, juntam-se pedras, tijolos, barro e o pedreiro, e então surge diante dos olhos uma terceira coisa chamada “parede”; então as pedras, os tijolos, o barro e o pedreiro simplesmente desaparecem de nossa vista.

Assim é que, pela confluência do conhecimento e da ignorância, surge uma coisa peculiar chamada “intelecto”, e com esse contato emerge o mundo.

O ouro e um ourives produziram um ornamento, e este começa a tentar nossos olhos como um ornamento. O ouro e o ourive são esquecidos. Na verdade, se alguém for curioso o suficiente para descobrir se existe algo como um ornamento dentro do ouro, verá que não há nada além do ouro. Se pedirmos a alguém que nos traga um ornamento sem tocar no ouro, o que essa pessoa poderia trazer? Na verdade, a coisa que chamamos de ornamento simplesmente desapareceria no ar.

Da mesma forma, devido ao encontro de Brahma e Maya, surgiu esse “eu” malfeitor, sussurrando orgulhosamente “eu”, “eu”, erguendo sua cabeça e desenraizando tanto Brahma quanto Maya. O filho dessa mulher estéril (Maya), que na verdade não existe, tenta estabelecer sua soberania ilimitada permanentemente em todo o mundo.

Se observarmos seus pais, ficará claro que para eles é impossível ter tal descendência. A mãe da criança é Maya (Ma = nada e Ya = aquilo que, donde Maya = Aquilo que é nada), que não existe. Do ventre dessa Maya teria saído o “eu”, que se supõe ter sido gerado pelo “espírito”. Esse “espírito”, de gênero neutro, nunca pretendeu possuir a arte de “fazer”. Assim, os leitores podem imaginar que tipo de “eu” é esse.

Como descrito acima, a existência do “eu” é apenas nominal e, no entanto, como Gomaji Ganesh, ele anuncia seu próprio nome por toda parte, dizendo “eu sou sábio”, “eu sou grande”, “eu sou pequeno”, enquanto esse homem esqueceu de onde veio. Em vez disso, começa a se glorificar como “eu”; e, mesmo que essa glória seja merecida, é como um gato que bebe com os olhos fechados, sem perceber o pau que está prestes a bater em suas costas. Assim que aceita um direito ou um privilégio, deve aceitar também a responsabilidade que vem com ele. Assim que digo que “eu sou o autor de um certo ato”, devo desfrutar ou sofrer o fruto dessa ação. O gozo ou o sofrimento do fruto de uma ação está ligado à própria ação.

Na verdade, não existe algo como “eu”; e toda a operação, assim como a força motriz por trás do “eu”, está contida em Brahma. Mas o Brahman é tão astuto que, no momento em que encontra algum “Ghamendananda” (aquele que se orgulha de ter feito algo), coloca toda a responsabilidade da operação sobre os ombros desse “eu” e permanece desapegado. Como consequência, esse pobre “eu” está destinado a girar na roda do nascimento e da morte.

No exemplo da guirnalda mencionado acima, embora a guirnalda tenha surgido como uma guirnalda depois de reduzir a nada os nomes “flores” e “tecido”, quando a guirnalda seca, ninguém diz que as flores secaram, mas que a guirnalda secou; de fato, quando o tecido se rompe, dizem que a guirnalda se rompeu.

Isso significa que a operação do objeto original é imposta sobre o terceiro objeto devido ao orgulho do objeto. Da mesma forma, uma série de misérias atinge esse “eu” inexistente. Se alguém quiser se libertar dessa miséria, deve abandonar esse “eu”; mas antes de abandoná-lo, devemos descobrir exatamente onde esse “eu” reside. Uma vez que encontremos o “eu”, então falaremos sobre como abandoná-lo.

Cada um deve começar a busca por esse “eu” em seu próprio centro, se realmente estiver ansioso para encontrá-lo. Esse “eu” nunca será encontrado fora de nós. Em cada ser humano, esse “eu” ou “ego”, essa sensação de “meu” e o sentido de posse preenchem tudo até a borda. Todas as ações no mundo são realizadas pela força desse “ego” e da sensação de “meu”. Esse tipo de lei é assumido por todos os seres humanos, mas a totalidade da ação pode ser realizada sem esse ego ou a sensação de “meu”. Como isso pode ser feito? Veremos depois. Por agora, examinaremos apenas esse sentido de “eu” e “meu”.

Para rastrear esse “eu”, tomemos primeiro nosso corpo físico grosseiro que parece estar ligado a nós. Depois de analisá-lo, vejamos se esse “eu” está em alguma parte desse corpo.

O que é um corpo? É um conjunto coletivo de partes (ou membros), a saber, mãos, pés, boca, nariz, orelhas, olhos, etc. O conjunto de todos esses membros é chamado de “corpo”. Vamos descobrir qual desses membros é o “eu”. Se alguém disser: “a mão sou eu”, quando essa mão é cortada, ninguém diz “Eu fui cortado” ou “Eu desapareci”. Suponha que os olhos fiquem cegos; então ninguém diz “Eu desapareci”. Se o estômago incha, ninguém diz “Eu estou inchado”. Em vez disso, diz-se: “minha mão foi cortada”, ou “meus olhos ficaram cegos”, ou “meu estômago está inchado”. De todas essas partes, fala-se como “minhas”. Não apenas isso, do próprio corpo, que é o conjunto de todos esses membros, também se fala como “meu corpo”. Assim, fica estabelecido que aquele que afirma a posse de todos os membros e também do corpo é, na verdade, um possuidor completamente diferente do corpo, que ele chama de “seu”.

Acabamos de provar que o “eu” não é nenhuma parte ou membro do corpo grosseiro, mas que todos os membros são “meus”. No entanto, prossigamos com o axioma: “Onde não existe 'eu', também não pode existir nada que possa ser chamado de 'meu'”. Desse axioma, segue-se que o corpo e os membros, na verdade, não pertencem a “mim”, pois “eu” não estou neles. Se “eu” não estou na casa do vizinho, a casa do vizinho ou seus membros podem me pertencer? Se alguém quiser verificar a verdade do axioma “onde não há 'eu', também não pode haver 'meu'”, basta ir à casa do vizinho Rao Bahadur e dizer: “Eu sou Rao Bahadur, sua esposa também é minha”. Se então demonstrardes vosso sentido de “minha” a ela e começardes a se aproximar dela, vereis que experiência tereis. Rao Bahadur vos baterá tão forte que percebereis que “Eu não sou Rao Bahadur e ela não é minha esposa”.

Dessa forma, quando nenhum traço de “eu” pode ser encontrado no corpo, como pode então ser dito que os membros do corpo e suas tendências me pertencem? Se ainda insistirdes em chamá-los de vossos, descobri por que o fazeis e o que há neles que seja vosso; e olhai também a condição de todos os seres humanos que consideram seus corpos como seus e começam a agir de acordo.

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