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Rumi (Masnavi III) – Elefante no escuro

Mathnawi III, 1259-1270

O elefante estava em uma casa escura: alguns hindus o haviam trazido para exibição.

1260. Para vê-lo, muitas pessoas entravam, uma por uma, naquela escuridão. Como era impossível vê-lo com os olhos, cada um o tocava no escuro com a palma da mão.

A mão de um tocou sua tromba e ele disse: “Essa criatura é como um cano d’água.” A mão de outro tocou sua orelha e, para ele, parecia um leque. Outro sentiu sua perna e disse: “Descobri que o formato do elefante é como o de uma coluna.”

1265. Outro pousou a mão sobre suas costas e exclamou: “Na verdade, este elefante era como um trono!”

Da mesma forma, sempre que alguém ouvia a descrição do elefante, compreendia apenas a parte que havia tocado. Devido à diversidade das percepções, suas afirmações diferiam: um o chamava de “dál”, outro de “alif”. Se cada um tivesse uma vela na mão, as diferenças desapareceriam de suas palavras.

O olho da percepção sensorial é como a palma da mão: a palma não tem poder para alcançar a totalidade do elefante.

1270. O olhar do mar é uma coisa, e a espuma é outra: abandona a espuma e olha com os olhos do mar. Dia e noite, há o movimento da espuma sobre o mar: tu vês a espuma, mas não o mar. Maravilhoso!

Estamos nos chocando uns contra os outros, como barcos: nossos olhos estão obscurecidos, apesar de estarmos em águas claras. Ó tu que adormeceste no barco do corpo, viste a água, mas olha para a Água da água.

A água tem uma Água que a move; o espírito tem um Espírito que o chama.

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