Paracelso Astronomia
Paracelso — ASTRONOMIA MAGNA Excertos de Paracelso, Astronomia magna. Grande astronomie (1538), prólogo, trad. do alemão, Bernard Gorceix, apud Paracelse, Albin Michel, col. Cahiers de l'Hermétisme, 1980, p. 240-243. Trad Yara Azeredo Marino
Vede, amigos, o grau de ingenuidade e insensatez das pessoas espirituosas, observando o que revelo a seu propósito: o astrólogo não reconhece nem o mago, nem o adivinho, nem aquele que se ocupa dos caracteres, nem o especialista nas artes incertas. Ele aceita o prático. O mago faz o mesmo para o astrólogo, para o prático, para aquele que se ocupa dos sinais. Quanto a este último, despreza os outros seis tanto quanto eles o fazem. O adivinho não afirma nada a respeito dos outros seis. O necromante ignora o fundamento de suas confrarias. O especialista nas artes incertas se considera o melhor. O prático utiliza seus aparelhos se agarrando um pouco em todos. Abandona-se totalmente os corpos sem alma, que não são considerados à luz da natureza.
Ainda que o fundamento das outras espécies não tenha sido colocado com a seriedade necessária, é urgente entretanto dispô-lo numa ordem verdadeira, a fim de compreendê-lo a fundo e em seu ser. Ora, o melhor é a perfeição acabada de cada parte, as outras partes, suas irmãs, guardando da mesma maneira, cada uma, sua identidade. Até que cada pedaço de madeira chegue ao lugar que lhe é destinado, a madeira não precisa de uma única arte. Há uma arte para a madeira do esquife, uma outra que transforma a madeira em cadeiras, uma outra em cabo de faca, em sola de sapato, em caixilho de janela etc. Ora, cada arte do trabalho da madeira não possui sua legitimidade? Isso vale também para as oito partes que concernem ao trabalho do astro. Apesar de sua diferença, cada uma é, por ordem do dom que lhe é confiado, natural e em seu ser, uma arte completa, exigida por Deus, ainda que sobre a terra, entre os homens, não exista nenhuma unidade, mas diversidade, ainda que ele tenha apenas uma única sabedoria, uma única arte, mas aplicada de múltiplas maneiras. É por isso que Deus deseja que suas maravilhas sejam vistas em seus santos, entendamos, em seus homens de ciência. Entretanto, isso se concretiza unicamente nas artes. Essa premissa não tem valor em Deus, para a vida eterna. Ao contrário, exisre apenas um caminho único, uma arte, um ensinamento, uma maneira, um ser, uma morada, um Deus. Ora, na luz da natureza, há muitas maneiras de transformar a luz, entre os artesãos, nas artes, nas diferentes faculdades e religiões. Mas essas maneiras não incluem a teologia. De fato, existe apenas uma teologia, na qual se recebe o dom. Apesar do número dos beneficiários, todos estão no mesmo caminho e existe apenas uma rota. Assim, cada arte deve ser perfeita em si, o astrólogo em seu domínio, o mago no seu, o mesmo para o adivinho, o necromante, aquele que se ocupa dos sinais, aquele que pratica as artes incertas, o prático, o especialista em questões de geração. Nobre é aquele que captou a unidade dessa genealogia e dessa família, que realizou a síntese: este reconhece as maravilhas de Deus, pode revelar as grandes obras de Deus, utilizá-las também para sua ação etc.
