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Sofrer, e por quê? Causado pelo desejo eterno que carregamos conosco. Queremos ter e aumentar nossas posses continuamente. Queremos ser, e ser mais, e continuar a ser, mesmo após a morte, através de nossos filhos ou do nome da empresa que fundamos. Queremos ter um nome, uma personalidade, que deve crescer em importância o tempo todo. O desejo é principalmente subconsciente; ele nos mantém em movimento. Trabalhamos, vangloriamo-nos, promovemos a nós mesmos, e em cada fotografia nossa primeira preocupação é ver se nossa imagem saiu bem. Não suspeitamos que nosso corpo é apenas uma casca vazia que irá para o cesto de papéis do cemitério ou do crematório. O ego, o falso eu, que carregamos com tanto esforço e alimentamos continuamente, é uma pequena nuvem, que muda sua forma o tempo todo e consiste em instantâneos que vão do bebê ao ancião. O que nos preocupava no ano passado não tem importância agora, e o que nos preocupa agora será esquecido e sem sentido no próximo ano. Mas mesmo que percebamos isso, o desejo continuará e continuaremos a nos confundir na escuridão.

O budismo não é sombrio; apenas a primeira verdade tem um tom melancólico. A sede de vida, que nos impulsiona e nos afasta da realidade última, pode ser quebrada. A situação não é sem esperança. A destruição do eu, como aconselhado por Buda, não é suicídio.