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Sohravardi (CETC) – Aparições

Hûrqalyâ: “Mundus imaginalis” ou o mundo das Formas imaginais e da percepção imaginativa.

Livro da Teosofia Oriental (SLTO), pp. 240-242, §§ 256-258.

« As realidades suprassensíveis que encontram os profetas, os Iniciados, e outros, ora se apresentam a eles sob a forma de linhas de escrita, ora pela audição de uma certa voz que pode ser suave e doce e que pode ser terrificante. Ora veem formas humanas de extrema beleza que lhes dirigem as mais belas palavras e conversam confidencialmente com eles sobre o mundo invisível; ora essas formas se apresentam a eles como essas delicadas figuras que são devidas à arte mais delicada dos pintores. Ora se apresentam como em um recinto; ora veem formas e figuras suspensas. Tudo o que se percebe em sonho, montanhas, oceanos e continentes, vozes extraordinárias, pessoas humanas, tudo isso são tantas figuras e formas subsistentes por si mesmas sem necessitar de um substrato. O mesmo se aplica a perfumes, cores e sabores. Montanhas e oceanos que são vistos em sonho, seja um sonho verídico ou um sonho mentiroso, como o cérebro, ou alguma de suas cavidades, os conteria, de qualquer maneira que se conceba ou explique essa capacidade? Assim como o adormecido que desperta de seus sonhos, ou o imaginativo e o contemplativo entre a vigília e o sono que retornam de sua visão, deixam o mundo das Formas imaginais autônomas sem precisar se mover ou ter a sensação de uma distância material em relação a ele, da mesma forma aquele que morre para este mundo encontra a visão do mundo da Luz sem precisar fazer um movimento, porque ele mesmo está no mundo da Luz… … As Esferas celestes emitem sons que não têm como causa algo que existe em nosso mundo sublunar. Ademais, demonstramos anteriormente que o som é outra coisa que a ondulação do ar. O máximo que se pode dizer sobre este ponto é que aqui embaixo o som é condicionado pela ondulação do ar. Mas se uma coisa é condição de outra em certo lugar, não se segue que ela o seja ainda para sua análoga. Assim como uma coisa geral pode ter causas múltiplas permutando entre si, assim também as condições podem mudar. Assim como as cores dos astros não são condicionadas pelo que condiciona as cores em nosso mundo terrestre, o mesmo ocorre com os sons emitidos pelas Esferas celestes. Não é possível dizer que os sons de uma grandeza terrificante ouvidos pelos místicos visionários tenham como causa uma ondulação do ar no cérebro. Pois uma ondulação do ar com tal força, devido a algum abalo no cérebro, é algo inconcebível. Não, trata-se da Forma imaginal do som, e essa Forma autônoma é ela mesma um som (coment.: assim como a Forma imaginal do homem é de fato um homem, e a de cada coisa é de fato respectivamente essa coisa). Assim, é concebível que haja nas Esferas celestes sons e melodias que não sejam condicionados pelo ar nem por um abalo vibratório. E não se pode imaginar que haja melodias mais deleitáveis que suas melodias, assim como não se pode conceber que haja desejo mais ardente que o desejo dos Angeli caelestes. Ah! Salve o grupo de todos aqueles que enlouqueceram e se embriagaram em seu desejo do mundo da Luz, em seu amor apaixonado pela majestade da Luz das Luzes, e que se tornaram semelhantes em seus êxtases aos «Sete Mui Firmes» (78: 12). Pois há em seu caso uma lição para aqueles que são capazes de compreender. »

Qotboddîn Shîrâzî:

« Como o autor menciona no «Livro das Conversas», todos os Espirituais dos diferentes povos afirmaram a existência dessas sonoridades, não no plano de Jâbalqâ e Jâbarsâ, que são as cidades do mundo dos Elementos no mundus imaginalis, mas no plano de Hûrqalyâ, a terceira cidade, com suas múltiplas maravilhas, aquela que é o mundo das Esferas celestes do mundus imaginalis. Àquele que a atinge, manifestam-se as entidades espirituais dessas Esferas com as belas formas e as sonoridades exquisitas que contêm. Pitágoras relatou que sua alma se elevou até o mundo superior. Graças à pureza de seu ser e à divinação de seu coração, ouviu as melodias das Esferas e as sonoridades produzidas pelos movimentos dos astros, ao mesmo tempo em que percebia a discreta ressonância das vozes de seus Anjos. Voltou então ao seu corpo material, e foi com base no que ouvira que determinou as relações musicais e aperfeiçoou a ciência da música. »

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