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Sohravardi (CETC) – Lugares de aparição ou lugares epifânicos

Hûrqalyâ: “Mundus imaginalis” ou o mundo das Formas imaginais e da percepção imaginativa.

Livro da Teosofia Oriental (SLTO), p. 211, § 225.

«Ensinamos que é impossível que as imagens sejam materialmente impressas no olho; da mesma forma é impossível que o sejam em qualquer parte do cérebro. A verdade é que as formas que se veem nos espelhos, assim como as Formas imaginais, não são materialmente impressas, nem no espelho nem na imaginação. Não, são “corpos em suspensão”, não dependendo de um substrato (ao qual estariam misturados como a cor preta, por exemplo, está com o corpo preto). Têm, certamente, lugares de aparição ou lugares epifânicos (mazâhir), mas não estão materialmente contidos neles. O espelho é, certamente, o lugar de aparição das formas que são vistas nesse espelho, mas essas formas estão elas próprias “em suspensão”; não estão nele nem como uma coisa material em um lugar do espaço, nem como um acidente em seu substrato. A Imaginação ativa é, certamente, o lugar de aparição das formas imaginais, mas essas formas elas próprias estão “em suspensão”; não estão nem nesse lugar, nem nesse substrato. Quando, no caso dos espelhos, se concorda com a existência de uma imagem autônoma, embora seja toda em superfície, sem profundidade nem verso, enquanto aquilo de que é a imagem (a saber, a forma acidental de Zayd, por exemplo, imanente à sua matéria) é um acidente, admitir-se-á a fortiori a existência de uma quiddidade substancial, a da Forma imaginal (substancial, de fato, pois independente de qualquer substrato), tendo uma imagem acidental (a forma de Zayd imanente à sua matéria). Ora, a luz imperfeita é semelhante à luz perfeita. Compreenda.»

Qotboddîn Shîrâzî:

«As Formas imaginais, portanto, não existem nem no pensamento, já que o grande não pode ser impresso no pequeno, nem na realidade concreta, senão qualquer um com sentidos saudáveis poderia vê-las. Mas não são puro não-ser, senão não se poderia nem representá-las, nem discerni-las umas das outras, e não poderiam ser objeto de julgamentos diferentes. Já que são ser real, e não estão nem no pensamento, nem na realidade concreta, nem no mundo das Inteligências — pois são formas corporificadas, não puros inteligíveis — é preciso que existam em outra região, e é esta última que se chama mundus imaginalis, mundo do imaginal e da percepção imaginativa. É um mundo intermediário entre o mundo da Inteligência e o mundo dos sentidos; seu plano ontológico está acima do mundo dos sentidos e abaixo do mundo inteligível; é mais imaterial que o primeiro, menos imaterial que o segundo. É um mundo onde existe a totalidade das formas e das figuras, das dimensões e dos corpos, com tudo o que a eles se relaciona: movimentos, repouso, posições, configurações, etc., todas subsistentes por si mesmas, “em suspensão”, ou seja, sem estarem contidas em um lugar nem dependerem de um substrato. “Compreenda”, diz-nos o autor. Há aqui, de fato, um segredo magnífico, algo de considerável importância. É que a totalidade das coisas que existem no mundo superior tem seu nadir e seu análogo no mundo inferior. Todas essas coisas são conhecidas por seu nadir e seu análogo. Quando, portanto, se aprendeu a conhecer, como se deve, a realidade das luzes efêmeras, o conhecimento ajuda a conhecer as Luzes substanciais imateriais. O propósito de tudo isso é que se saiba que a luz acidental imperfeita que é a do sol do mundo sensível, é a imagem da luz substancial perfeita que é o sol do mundo da Inteligência, a Luz das Luzes. Da mesma forma, a luz de cada astro efêmero é a imagem de uma luz substancial imaterial. Este é um assunto imenso, que propõe numerosas experiências místicas. Daí o imperativo do autor: “Compreenda!”»

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