Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria da inspiração divina no verbo de Seth §17
Sempre que um intuitivo contempla uma forma que lhe comunica um novo conhecimento que ele não havia sido capaz de captar antes, essa forma será uma expressão de sua própria essência (ayn) e nada que lhe seja estranho. É da árvore de sua própria alma que ele colhe o fruto de seu cultivo, assim como sua imagem refletida por uma superfície polida não é outra coisa senão ele mesmo, embora o local de reflexão — ou a Presença divina — que lhe dá sua própria forma, cause inversões de acordo com a Verdade essencial inerente a essa Presença (divina) 1). Assim, no caso de um espelho concreto, ele pode refletir as coisas de acordo com suas verdadeiras proporções, o grande como grande, o pequeno como pequeno, o alongado como alongado e o móvel como móvel, mas também (de acordo com sua constituição ou perspectiva) pode inverter as proporções; da mesma forma, é possível que um espelho reflita as coisas sem a inversão usual, mostrando o lado direito do observador a partir de seu lado direito, enquanto que, em geral, o lado direito da imagem refletida é oposto ao lado esquerdo do observador; pode, portanto, haver exceções à regra, como no caso em que as proporções são invertidas; e tudo isso também se aplica aos vários modos da Presença (divina) nos quais a revelação (da “forma” essencial do observador) ocorre, e que nós comparamos ao espelho.
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