Rumi (1273) – Sufis
MSRMI
Fomos, uma vez, uma substância, como o Sol: sem falhas éramos e puros como a água é pura. Purifique-se, portanto, das qualidades do si, para que possa ver a própria essência, perfeita e pura. Se buscar uma parábola do conhecimento que está oculto, ouça a história dos Gregos e dos Chineses. Os Chineses disseram: “Somos os melhores artistas”, e os Gregos retrucaram: “Temos mais habilidade que e mais senso de beleza.” Então o rei, em cuja presença falavam, disse-lhes: “Os testarei nisto, para ver qual de é justificado em sua afirmação.” —Os Chineses então disseram: “Dê-nos um aposento para e que haja um aposento para os Gregos.” Havia dois aposentos, com portas opostas uma à outra: os Chineses pegaram um aposento e os Gregos o outro. Os Chineses pediram ao rei cem cores diferentes: o rei abriu seu tesouro para que pegassem o que quisessem. Cada manhã os Chineses pegavam do tesouro parte de seu presente de cores. Mas os Gregos disseram: “Não são necessárias cores ou tintas para o nosso trabalho, que é apenas remover a ferrugem”. Eles se fecharam e poliram continuamente, até que tudo estivesse puro e claro como o céu. De muitas cores há um caminho para a liberdade da cor: a cor é como nuvem e a liberdade da cor como a lua. Qualquer brilho e luz que se veja na nuvem, saiba que vem das estrelas e da lua e do sol. Quando os Chineses terminaram seu trabalho, regozijaram-se e começaram a tocar tambores. O rei entrou e olhou para as pinturas que estavam lá e quando as viu ficou estupefato. Então, depois disso, ele foi aos Gregos: um deles levantou a cortina que estava entre os aposentos. O reflexo daquelas pinturas e do trabalho que os Chineses haviam feito, caiu sobre aquelas paredes polidas. Tudo o que o rei havia visto ali, parecia mais belo aqui: a maravilha disso fez seus olhos saltarem das órbitas. Os Gregos são os Sufis, que dispensam estudo e livros e aprendizado, mas purificaram seus corações, tornando-os livres de desejo e ganância e avareza e malícia: aquele espelho imaculado é indubitavelmente o coração que recebe imagens sem número… Aqueles que são purificados deixaram para trás fragrância e cor: a cada momento veem a Beleza sem impedimentos: deixaram para trás a forma e as externalidades do conhecimento, ergueram o estandarte da certeza. O pensamento os deixou e encontraram a luz, encontraram o rio e depois o mar da gnose. Para os Sufis, há cem sinais do Empíreo e da esfera superior e dos espaços vazios, e o que são estes senão a própria Visão de Deus mesmo?
