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Dubois (DDAG) – A Liberdade como Jogo Divino

DDAG Em outras palavras, o conhecimento, a beatitude, o infinito e outros atributos divinos não são vistos aqui como meros opostos dos atributos da condição humana. Antes, a verdadeira autoconsciência engloba em si mesma a possibilidade de seu contrário. O mesmo vale para todos os outros atributos. A verdadeira liberdade implica a possibilidade da servidão, e assim por diante. Dessa forma, a individualidade e a servidão próprias ao estado de criatura são uma expressão da liberdade. A ignorância e a inconsciência expressam a consciência perfeita, mas livremente limitadas. Da mesma forma, os desejos humanos são o puro desejo de si, o puro amor de si que Deus sente por Si Mesmo, mas reduzido à escala ínfima de tal ou qual objeto. A não dualidade (advaita), portanto, não é a abolição de toda dualidade, mas a realização de que essa dualidade se desdobra sobre um fundo de unidade. É por isso que Abhinavagupta pode sustentar uma visão relativamente positiva e otimista do mundo, da arte e dos afetos humanos. Todo esse caos é apenas o vertigem que Deus experimenta ao brincar de se perder. Mas, ao contrário do que afirmam as teologias teístas, não há nisso nenhum plano, nenhum fim externo. A consciência, a vida são selvagens e cruéis porque o Senhor é perfeitamente inocente, “como uma criança que contempla um afresco em um templo”.

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