Antes de qualquer ponto de referência geográfico, histórico, econômico ou político, os seres humanos tomam sua identidade da abertura fundamental que os define, deportando seu olhar para seu maior tormento, “isso” que acreditam poder chamar o “mesmo” mundo. “O mundo que transcende todos os ambientes, que transcende todas as determinações reificantes do olhar. Não “outro” mundo, ao lado de nosso mundo, cujas coisas nos asseguram as tranquilidades disponíveis, mas “o” mesmo Mundo, cuja ideia vem a se produzir em nós a partir dos fenômenos que nos afetam, que nos afetam sem que nenhum deles ou sua totalidade possa saturar a extensão desta Ideia tomada ao alhures de uma Dimensão ainda pressentida, ainda balbuciada.
— O Mundo como Ideia é, antes de tudo, transcendência; vai além (übersteigt) dos fenômenos, mas nisso mesmo, e porque é a totalidade destes fenômenos, se encontra a eles relacionado”. (Heidegger, Essência do Fundamento)