Segundo Christophe Andruzac, a «adoração» é o ato voluntário do homem para com seu Criador reconhecido como sendo a fonte viva da ordem do universo. Este reconhecimento se exprime por gestos testemunhando uma dependência: oferenda das primícias de um rebanho, de uma colheita, do pão doméstico que faz viver, etc. Após o ato de oferenda (ou holocausto) celebrado pelo Grande Sacerdote que representa a comunidade, os objetos que serviram de «suporte» ao ato de reconhecimento são em geral consumidos (ou destruídos de uma outra maneira) por um lado para não mais poder servir a ninguém e por outro lado para melhor testemunhar da gratuidade.
A adoração da Substância divina acarreta o respeito aos acidentes que a manifestam. Adorar a Deus “em espírito e em verdade” é respeitá-Lo também através desse véu que é o homem, o que praticamente equivale a dizer que é preciso respeitar em todo homem a santidade potencial na medida em que isso é racionalmente possível.
A virtude em si é a adoração que nos vincula a Deus e nos atrai para Ele, resplandecendo à nossa volta. ADORAÇÃO primordial e quase existencial, que se anuncia antes de tudo pelo sentido do sagrado, como acabamos de dizer. O sagrado é o perfume da divindade, é o divino tornado presente; amar o sagrado é impregnar-se do perfume do Ser puro e da sua serenidade. A alma da Virgem Santa, protótipo de toda alma santificada, é feita de adoração inata, a qual atualiza a Presença real do mesmo modo como um espelho reflete a luz. A alma virgem é consubstancial a essa Presença, assim como o espaço coincide com o éter que ele contém.