O tipo de yoga de que estamos falando aqui pertence ao que é chamado de laya-yoga, e que consiste essencialmente em um processo de “dissolução” (laya), ou seja, a reabsorção, no imanifestado, dos diferentes elementos constituintes da manifestação individual, essa reabsorção ocorrendo gradualmente em uma ordem que é rigorosamente o inverso da produção (srishti) ou desenvolvimento (prapancha) dessa mesma manifestação. Os elementos ou princípios em questão são os tattwas que o Sânkhya enumera como as produções de Prakriti sob a influência de Purusha: o “sentido interno”, ou seja, a “mente” (manas), unida à consciência individual (ahankâra) e, por intermédio desta, ao intelecto (Buddhi ou Mahat); os cinco tanmâtras ou essências elementares sutis; as cinco faculdades de sensação (jnânêndriyas) e as cinco faculdades de ação (karmêndriyas); finalmente, os cinco bhûtas ou elementos corporais. Cada bhûta, com o tanmâtra ao qual corresponde e as faculdades de sensação e ação que dele procedem, é reabsorvido no bhûta imediatamente anterior, de acordo com a ordem de produção, de modo que a ordem de reabsorção é a seguinte (1)° terra (prithvî), com a qualidade olfativa (gandha), o sentido do olfato (ghrâna) e a faculdade de locomoção (pâda); (2)° água (ap), com a qualidade sapídica (RASA), o sentido do paladar (rasana) e a faculdade de agarrar (pâni); (3)° fogo (têjas), com a qualidade visual (rûpa), o sentido da visão (chakshus) e a faculdade de excreção (pâyu); (4)° ar (vâyu), com a qualidade tátil (sparsha), o sentido do tato (twach) e a faculdade de geração (upas-tha); (5)° o éter (âkâsha), com a qualidade do som (shabda), o sentido da audição (shrotra) e a faculdade da fala (vâch); e, finalmente, no último estágio, o todo é absorvido pelo “sentido interno” (manas), toda a manifestação individual sendo assim reduzida ao seu primeiro termo, e como se estivesse concentrada em um ponto além do qual o ser passa para outro domínio. Esses, então, serão os seis estágios preparatórios pelos quais aqueles que seguem esse caminho de “dissolução” terão que passar, libertando-se gradualmente das várias condições limitadoras da individualidade, antes de alcançar o estado supraindividual onde, na Consciência pura (Chit), total e informal, a união efetiva com o Ser supremo (Paramâtmâ) pode ser alcançada, uma união da qual resulta imediatamente a “Libertação” (Moksha).