WEI WU WEI (AA:9): O REAJUSTAMENTO

Despertar é um reajustamento. O estado [de desperto] está sempre presente, é nossa natureza normal, permanente e real - como os Mestres de todas as doutrinas nunca se cansam de nos dizer - mas a experiência consciente disto nos é negada por um desvio de subjetividade em um conceito que, como tal, é irreal, um objeto na consciência aparecendo como seu próprio sujeito. Até que este fantasma seja exorcizado por ser exposto, a subjetividade parece estar limitada, e não podemos experimentá-la como é na realidade.

Quando esta situação anômala é entendida, precisamos começar a colocar em prática este entendimento, que não é apenas pensar nisto, mas vivenciá-lo. Houveram pessoas, aparentemente nascidas "prontas", para as quais o fato de compreender foi suficiente por si só para produzir a experiência, mas, para o resto de nós, o hábito e a prática são um prelúdio necessário para a experiência consciente de nossa realidade.

No entanto, é importante entender que não há nada a adquirir, mas apenas um erro a ser exposto, porque adquirir envolve necessariamente o uso e, portanto, o fortalecimento daquele 'eu' espúrio cuja dissolução exigimos.

Para tal, é necessário apenas um reajustamento, sendo esse reajustamento o abandono da identificação com um eu individual inexistente, um abandono que nos deixa sem olhos vendados e despertos em nossa natureza eterna.

Buscar persuadir-nos de que não existimos como entidades individuais é, no entanto, pedir a um olho que acredite que o que ele está olhando não está lá. Mas não somos unicamente nós que não temos existência como entidades: não há nenhuma em lugar algum na realidade do cosmos, nunca existiu e nunca poderia existir. Somente a mente inteira pode revelar este conhecimento como cognição direta que, uma vez realizada, é óbvia. Esse é o reajustamento total. E unicamente 'eu' permanece.