Não há necessidade de perceber nossa 'totalidade', e é sempre impossível fazê-lo, pois não há 'coisa' aqui para perceber e nenhuma 'coisa' a ser percebida.
Dividido em sujeitos cognitivos conhecendo objetos, Eu conheço tudo o que pode ser cognoscível, Toda coisa conceitual, exceto aquilo que está conhecendo, O que, como tal, não é concebível, uma vez que não é nenhuma coisa, E não é nenhuma coisa, uma vez que não é concebível.
A resposta é que a mente dividida, percebendo [cognising] por meio de um sujeito percebendo objetos, não pode perceber sua própria "totalidade" como objeto.
Não há necessidade de perceber nossa 'totalidade', e é sempre impossível fazê-lo, pois não há 'coisa' aqui para perceber e nenhuma 'coisa' a ser percebida.
Qualquer tentativa de entender o que é percepção — e é portanto irreconhecível — proíbe a apercepção de o-que-somos. Essa apercepção não é uma função da mente dividida. Só pode ser uma apercepção imediata liberada por algum estímulo sensorial — auditivo, visual, tátil ou de origem irreconhecível.
O obstáculo supremo a essa apercepção, em nosso contexto de consciência espaço-temporal, reside em atribuir subjetividade a objetos fenomenais e objetividade ao que é subjetivo.
A mente não pode ser alcançada pela mente, como afirmou Huang Po. A tentativa é em si um obstáculo. Com-ciência [Awareness = ser/estar ciente] é não algo do qual nós [que somos Isto] possamos ser/estar-cientes [be aware].
Saber disto, entender isto, não é com-ciência da Com-ciência. Com-ciência não é um espécie de conhecimento. Todo conhecimento é conceitual, toda conceitualidade é inerente ao continuum espaço-tempo. Existe uma solução de continuidade entre conhecimento e Com-ciência.
Se alguém disser que a apreensão auditiva pode revelá-la — isso pode ser uma indicação do que está implicado, mas certamente não no sentido de ouvir deliberadamente a música — nem de olhar deliberadamente para qualquer objeto, tocar qualquer "coisa", ou apreender qualquer pensamento.
Por que isso é assim? Porque a mente dividida deve estar em inatividade e 'nós' devemos estar ausentes para Com-ciência estar presente.
Não há ninguém e nada para estar ciente da Com-ciência, Com-ciência, eu não posso estar ciente de mim mesmo, Pois não conheço nenhum eu do qual pudesse estar ciente.
Eu não sou nada de que estar ciente, Como uma coisa “você” não pode conhecer a com-ciência, Pois “você” só pode ser/estar-ciente como “eu”, Quando não há nenhum “eu” do qual ser/estar-ciente.
Dividido em sujeito cognoscente, objetos cognoscentes, Eu conheço tudo o que pode ser conhecido, Cada coisa conceitual, exceto o que é o conhecer, Que, como tal, não é concebível, pois não é coisa, E não é coisa, posto que não é concebível.
Isso é tudo que sou, tão simples sou, Desprovido de mistério, majestade, divindade, De qualquer atributo. Não sendo nada, Como poderia ter o atributo de qualquer coisa?
Por que tentar me glorificar? Não sou glorioso nem não glorioso, Não sou nada nem nada, Nem a presença nem a ausência de qualquer coisa. Sou esta total ausência fenomênica Que é tudo o que a presença fenomênica pode ser.
Então como posso ser conhecido? Não posso. Como posso ser experiente? Não posso. Somente “Deus” pode ser experienciado, E Ele é meu conceito, meu objeto.
Mas quando a conceituação está em suspenso, O tempo também está suspenso, E espaço, junto com todos os conceitos. Então tudo o que você é, sou. Você é meu “si”. Não posso ter nenhum outro.