Milloué1905
Shiva é um recente na mitologia brâmane, aparecendo tardiamente nos textos. Alguns estudiosos sugerem que ele possa ter origem dravidiana (pré-ariana), baseando-se em:
Seu caráter vingativo e cruel em muitas lendas.
Sacrifícios sangrentos em seu culto.
Associação com divindades femininas e práticas consideradas "selvagens" para o padrão védico.
No entanto, seu papel como destruidor também se encaixa na tríade cósmica (criação-preservação-destruição), sem necessariamente implicar crueldade. Na filosofia shaiva, ele é visto como:
Asceta supremo (coberto de cinzas, meditando no Himalaia).
Justiciero que pune transgressões da lei divina.
Curador, oferecendo remédios para os males que causa.
Vingativo: Intervém no sacrifício de Daksha, decapitando seu próprio sogro por tê-lo excluído dos rituais.
Implacável: Reduz Kama (deus do amor) a cinzas com um olhar por perturbá-lo durante a meditação.
Cabelos em trança (jata), corpo coberto de cinzas, sentado no Monte Kailash.
Perigoso de se perturbar — como descobriu Kama, que só reviveu como Pradyumna (filho de Krishna) graças à intercessão de Parvati.
Quando representado em sua forma divina, Shiva geralmente possui:
Um tambor (damaru) envolto por uma serpente.
Um tridente (trishula).
Um cervo (símbolo de harmonia).
Um vaso de fogo ou arco.
Crescente lunar na cabeça.
Ganga (deusa do rio Ganges) fluindo de seus cabelos — lembrando como ele amorteceu a queda do rio sagrado do céu para a Terra.
Serpentes adornando pescoço e braços.
Pele de tigre ou elefante como vestimenta, às vezes enfeitada com caveiras (em seu aspecto destruidor).
Cinco cabeças (Panchamukha) em algumas representações.
Diferente de Vishnu (que desce como Avatares), Shiva se manifesta através de aspectos divinos ou disfarces humanos:
Caçador das Montanhas: Testou a coragem de Arjuna em um combate.
Virabhadra: Criatura terrível enviada para destruir o sacrifício de Daksha, decapitando-o e substituindo sua cabeça por uma de bode.
Shiva é um deus de paradoxos:
Destruidor mas renovador.
Asceta mas senhor da dança cósmica (Tandava).
Terrível mas benévolo para devotos.
Sua complexidade reflete a riqueza do imaginário hindu, onde a destruição é apenas o prelúdio para uma nova criação.