POWELL (WNM) – NÃO SE IMAGINE CORPO-MENTE

O que acontece com o corpo e a mente pode não estar ao seu alcance para mudar, mas você sempre pode acabar com o fato de se imaginar como corpo e mente. Aconteça o que acontecer, lembre-se de que apenas seu corpo e sua mente são afetados, não você.

A maturidade espiritual está na prontidão para abrir mão de tudo. A desistência é o primeiro passo. Mas a verdadeira desistência está em perceber que não há nada para desistir, pois nada é seu. É como o sono profundo — você não desiste da cama quando adormece, apenas esquece.

Aceite que, absorto em assuntos pessoais mesquinhos, você esqueceu o que você é; tentar trazer de volta a memória perdida através da eliminação do conhecido.

A mente está interessada no que acontece, enquanto a conscientidade está interessada na própria mente. A criança está atrás do brinquedo, mas a mãe observa a criança, não o brinquedo.

Afinal, não existe tal mente enquanto separada de pensamentos que vêm e vão obedecendo às suas próprias leis, não às de você. Eles dominam você apenas porque você está interessado neles. É exatamente como Cristo disse: “Não resista ao mal”. Ao resistir ao mal, você apenas o fortalece.

Uma vez que você conhece sua mente e seus poderes milagrosos, e remove o que a envenenou – a ideia de uma pessoa separada e isolada – você simplesmente a deixa em paz para fazer seu trabalho entre as coisas para as quais ela é adequada. Manter a mente em seu próprio lugar e em seu próprio trabalho é a liberação da mente.

Alimentar as ideias: “Sou pecador, não sou pecador” é pecado. Identificar-se com o particular é todo o pecado que existe. O impessoal é real, o pessoal aparece e desaparece.

Ser um ser vivo não é o estado último: há algo além, muito mais maravilhoso, que não é nem ser nem não ser, nem vivo nem não vivo. É um estado de pura conscientidade, além das limitações de espaço e tempo. Uma vez abandonada a ilusão de que se é corpo-mente, a morte perde seu terror, torna-se parte da vida.

No grande espelho da conscientidade surgem e desaparecem imagens, e só a memória lhes dá continuidade. E a memória é material — destrutível, perecível, transitória. Sobre fundações tão frágeis, construímos um senso de existência pessoal — vago, intermitente, onírico. Essa vaga persuasão: “Sou fulano de tal” obscurece o estado imutável da pura consciência e nos faz acreditar que nascemos para sofrer e morrer.

Todo mundo vê o mundo através da ideia que tem de si mesmo... Se você se imaginar separado do mundo, o mundo parecerá separado de você e você experimentará desejo e medo. Eu não vejo o mundo como separado de mim, então não há nada para eu desejar ou temer.

A sabedoria está em nunca esquecer o eu como a fonte sempre presente tanto do experimentador quanto de sua experiência.