PAPAJI: NÃO HÁ O QUE SER FEITO

Quando falo sobre quietude — quando te digo para ficar quieto — não é fácil para todos seguirem.

A maioria das pessoas aqui são de diferentes contextos, práticas, sadhanas; e, portanto, sentem que precisam fazer algo, colocar algo em prática.

Quando digo: "Fique quieto", não é uma prática. Não há nada a ser feito e nada a ser desfeito. Isso não pode ser seguido. Não há nada para pensar, não é necessário fazer nenhum tipo de esforço. Esta é uma indicação da quietude Que estou falando a respeito.

A verdade sempre existe. Só a existência é. É chamada satyam. Nós falamos sobre iluminação, mas primeiro criamos servidão. A servidão não existe.

Como podes remover aquilo que não existe?

Primeiro, os mestres impõem um conceito de servidão e então várias práticas são prescritas.

Pode haver milhões de livros no mundo, milhares são publicados todos os dias. Em nenhum lugar é dito: "Fique quieto". Quando simplesmente dizes "Fique quieto", sobre o que é o restante do livro?

Não há ignorância em absoluto; existe apenas existência — existe apenas satyam. Se simplesmente ficares quieto, saberás que apenas isso existe.

Antes que o sol nasça de manhã cedo primeiro não tenta remover a escuridão da noite. O sol não diz: "Deixe-me afastar a escuridão e só então, durante o dia, eu me levantarei."

Para o sol não há noite, não há trevas a serem removidas. O sol nem sabe que existe algo como a noite. Que prática é necessária para remover a escuridão, onde está essa escuridão?

Todas as práticas implicam a realidade da escuridão, da ignorância, quando na verdade elas não existem.

O rio na areia é uma miragem; não existe, nunca existiu. Se você se aproxima cada vez mais, a areia nem está molhada; é apenas uma crença que nos faz correr atrás de uma miragem, nada mais.

Existe apenas satyam; só existe a verdade. Que necessidade há de prática?

É apenas a prática que está ocultando a verdade.