Paul Arnold (1909-1992)

Embora referenciado por seus estudos do Movimento Rosa-Cruz e de suas influências na arte e literatura renascentista, em especial Shakespeare, inclusive muito citado pelo tradicionalista Martin Lings, meu amigo e pesquisador Antonio Carneiro aportou esta contribuição, retirada de uma das obras da notável Frances Yates:

As últimas obras de Shakespeare — uma nova interpretação, Frances A.Yates, Fondo de Cultura Económica, colección popular 351, México, 1986 (primeira edição em espanhol), 170 pp., ISBN 968-16-2430-0, tradução do original Shakespeare’s Lat Plays: A New Approach”, 1975,Rotledge & Kegan Paul, Londres, ISBN 0-7100-8100-6 por Federico Patán

IV. A Magia nas últimas obras: “A Tempestade” Páginas 130 e 131
Um escritor francês que estudou a literatura rosacruz em relação a Shakespeare opina que “A boda química” reflete ritos de iniciação mediante a representação do mistério da morte. Creio que algumas obras de Shakespeare (em especial menciona o sonho parecido à morte de Imogena, e sua ressurreição em “Cimbelino”) refletem essas experiências, transmitidas em imagens por meio de alusões esotéricas1. Na imaginária de “Cimbelino” vê-se influências de “alquimia espiritual”. O método rosacruz de utilizar a obra de teatro ou de ficção como veículo para entregar um ignificado esotérico seria também o de Shakespeare. Menciono aqui o livro de Arnold não porque o acredite confiável em sua totalidade ou em algum detalhe (porque não o é), mas sim porque o fluxo geral de seu estudo comparativo sobre literatura rosacruz e Shakespeare poderia não estar tão mal orientado.

Shakespeare morreu em 1616, e não viveu para escutar as notícias sobre os sucessos de 1620, a derrota da batalha da Montanha Branca, a fuga de Bohemia do Rei e da Rainha de Inverno, e o estalido da guerra dos Trinta Anos. Talvez foi essa terrível tormenta2 que profeticamente temeu.


  1. Paul Arnold, “Esotérisme de Skakespeare”, Paris, 1955, pp.177-200. 

  2. Na tradução para o espanhol está “tormenta” é possível que em inglês devesse estar “Tempest” para fazer a alusão com jogo de palavras para a peça que estava sendo comentada. 

William Shakespeare