Fragmentos dos escritos do espólio de Fernando Pessoa, organizado por Pedro T. Mota, sobre o tema «ROSEA CRUZ».
129A.(m)
Da identidade do esotericismo1 rosa-cruz com a Gnose não pode haver dúvida.
Nos livros dos Rosa-Cruz nós encontramos todas as afirmações que o neoplatonismo cristão continha, tanto as místicas, como as políticas. Os livros representativos do esoterismo rosa-cruz, a par do seu misticismo simbolista, fusão do emanacionismo neoplatônico e da Kabbala judaica, apresentam os mais evidentes sintomas do utopismo politico. O fraternarismo igualitário aparece nas utopias rosicrucianas, assim como uma ânsia de paz as atravessa.
É de um iluminado, Louis Claude de Saint-Martin, que deriva a tritypica do utopismo ativo moderno — a «liberdade, igualdade, fraternidade» dos revolucionários franceses.
A Revolução Francesa (com o seu séquito de calamidades, de que o Cristianismo partilhou) é a vingança da Gnose.
Renasce, sob outra forma, separadamente, o velho cisma cristista entre gnósticos e simples cristãos. Renasce tendo os princípios da gnose, tripartida, passados no que místico para o enxame de sociedades e correntes ocultistas do nosso tempo, e, no que igualitários e essenicamente para a teoria e a malfadada prática da democracia moderna. Assim, renascendo para a superfície da história, renasce moribunda a Gnose, substrato místico do cristianismo; renasce moribunda, porque renasce dividida.
Por toda a parte, e em todas as suas formas, o cristianismo se divide e se esfacela; em uma palavra, apodrece.
O neo-gnóstico laico, que é o democratismo moderno, continua a ser o misticismo dos escravos, a aspiração das épocas decadentes onde se perdeu a noção da inter-relação dos egoísmos na vida social e a utopia se erige em diretriz da vida.
53-58.(m)
1. A Maçonaria.
2. A Companhia de Jesus (razão porque não a Igreja Católica).
3. A finança internacional.
4. Os judeus (porque excluindo os portugueses).
5. As associações ocultas e semi-ocultas, incluindo a Sociedade Teosófica.
(6. Os Internacionalistas intelectuais.)
O que é comum a todas estas forças é (1) serem anti-nacionais,
(2) serem contrárias ao espirito da civilização cristã, (3) serem contrárias ao espirito aristocrático e superior (N) fundamento greco-romano da civilização.
Nota: Riscou a frase «espirito aristocrático e superior».
53A-58. (m) (p)
S. J.-destruir a E. C, substituindo-a por um Cristianismo profano.
R.C. — idem, repondo o judaísmo.
O.C.— —-
Fundados pela O. C. para a transmutação alquímica da Igreja Católica, os Jesuítas.
A fórmula sacramental pela qual se substitui ao erguer de Hiram ou à vingança de Molay o sagrado e simbólico Regresso d’El-Rei D. Sebastião. (Manif. Encoberto, Osíris).
Mártir que, tomando o nome de Encoberto, foi erguido em Osíris.
53 A-70 m
The explanation of F. Masonry.
The four meanings of everything. — The four types of orders
— outer 2- inner 2. (left hand, right hand — Shakespeare’s portrait) (Bacon of lower order right, Sh. of higher order left) (Theosophy wrong in supposing unity in the higher Government of the world; there also is enmity, there is enmity in the very darkness.)
(Td.)
A explicação da Franco-Maçonaria
Os quatro sentidos de tudo — Os quatro tipos de ordens –
2 exteriores — 2 interiores (mão esquerda, e mão direita — retrato de Shakespeare). (Bacon da ordem inferior da direita, Shakespeare da ordem superior da esquerda).
A Teosofia está errada ao supor unidade no Governo Superior do Mundo: aí também há inimizade, há inimizade nas próprias trevas.
Grafia antiga de Esoterismo. ↩