A filosofia, em sua natureza limitadora — e isso é o que constitui seu caráter específico — é fundada na ignorância sistemática do que acabamos de afirmar; em outras palavras, ela ignora o que seria sua própria negação; é por isso que opera apenas com os tipos de esquemas mentais que quer que sejam absolutos com sua pretensão de universalidade, enquanto eles são, do ponto de vista da realização espiritual, meramente objetos virtuais ou potenciais que não são usados, pelo menos na medida em que são ideias verdadeiras; mas quando esse não é o caso, como é mais ou menos geralmente o caso na filosofia moderna, esses esquemas são reduzidos a artifícios inúteis do ponto de vista especulativo e, portanto, desprovidos de qualquer valor real. Quanto às ideias verdadeiras, ou seja, aquelas que sugerem, de forma mais ou menos implícita, aspectos da Verdade total e, consequentemente, dessa própria Verdade, elas são, por esse mesmo fato, “chaves” intelectuais e não têm outra razão de existir; isso é o que somente o pensamento metafísico é capaz de captar. Por outro lado, quer estejamos falando de filosofia ou de teologia comum, nesses dois modos de pensamento há uma ignorância que se relaciona não apenas à natureza das ideias que acreditamos ter compreendido plenamente, mas, acima de tudo, ao escopo da teoria como tal: a compreensão teórica, de fato, é transitória por definição, e sua delimitação será sempre mais ou menos aproximada.
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