Tag: Artes
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Goethe, luz irradiada pelas obras-primas
(Deghaye2000) Assim, quando Goethe fala da luz irradiada pelas obras-primas, ele imita uma tradição religiosa. No entanto, os trovões e relâmpagos que acompanham o nascimento de Cristo exigem uma reflexão. Certamente, pode-se simplesmente dizer que houve uma tempestade, o que é verdadeiro, pois Goethe o especifica. Mas essa tempestade não teria um sentido simbólico? O…
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Goethe, Dichtung und Wahrheit
(Deghaye2000) Ao ler este relato, somos levados a interpretar retrospectivamente a reação de Goethe quando, ainda jovem estudante em Leipzig, ele visitou o museu de Dresden. O discípulo de Friedrich Oeser, que pregava o evangelho do Belo sob a invocação de seu amigo Winckelmann, não deveria se apressar em direção às obras antigas? Pois bem,…
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Goethe e as artes plásticas
(Deghaye2000) Assim, em vez de enxergar em Goethe um amador pouco talentoso que insistia em perseguir a quimera de uma arte para a qual não tinha verdadeira vocação, preferimos considerar sua reflexão estética segundo sua finalidade própria, que parece, antes de tudo, responder a uma preocupação literária. A especulação sobre as artes plásticas se insere…
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Werther, Goethe
(Deghaye2000) Goethe havia sido consagrado poeta pelos sucessos que muito cedo havia conquistado. No entanto, ele acreditou por muito tempo que sua vocação era dupla. Ele se considerava verdadeiramente predestinado às belas-artes. Foi apenas em 1788, na Itália, que sua desilusão foi total. Certamente, Goethe sentiu, muito antes, uma certa ambiguidade. Werther é testemunha disso.…
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“Melancolia” de Dürer, segundo Panofsky (3)
(Panofsky2019) Em um aspecto, porém, o retrato de Dürer difere fundamentalmente dos mencionados anteriormente. A mão, que geralmente repousa suave e frouxamente no rosto, aparece aqui como um punho cerrado. Mas mesmo esse motivo, aparentemente original, não foi tanto uma invenção de Dürer quanto uma expressão artística sua, pois o punho cerrado sempre foi considerado:…
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“Melancolia” de Dürer, segundo Panofsky (2)
(Panofsky2019) Uma proporção considerável dos retratos de melancólicos mencionados anteriormente compartilha um motivo adicional com a Melencolia de Dürer que, para o observador moderno, parece tão óbvio que dispensaria um estudo de sua derivação histórica. No entanto, o próprio esboço preliminar de Dürer para a gravura — que diverge justamente nesse aspecto — revela que…
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“Melancolia” de Dürer, segundo Panofsky (1)
(Panofsky2019) Tudo o que Dürer nos diz sobre sua gravura está numa inscrição em um esboço do “putto” (Figura 8), explicando o significado da bolsa e do molho de chaves pendurados no cinto da Melancolia: “A chave significa poder, a bolsa riquezas.” Essa breve frase tem sua importância, pois estabelece um ponto que já seria…
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“Melancolia” de Dürer, segundo Cioran
(Cioran1995) Entre todas as obras de Dürer, a gravura intitulada Melancolia é a que mais contém elementos propícios à reflexão e ao abandono que podemos experimentar ao mergulhar na atmosfera de uma obra de arte. Minha admiração não se deve a uma apreciação objetiva da forma, mas à alegria suscitada por uma criação que expressa…
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Dürer é o profeta de Cioran
(Cioran1995) Dürer é meu profeta. Quanto mais contemplo o desfile dos séculos, mais ME convenço de que a única imagem capaz de revelar seu sentido é a dos Cavaleiros do Apocalipse. Os tempos só avançam esmagando, pisoteando as multidões; os fracos perecerão, não menos que os fortes, e até mesmo esses cavaleiros — exceto um.…
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O Cavaleiro, a Morte e o Diabo (2)
(Bertram1932) E até a Genealogia da Moral, em 1887, retoma visivelmente o símbolo düreriano d’O Nascimento da Tragédia, ao falar de um “espírito que só a si mesmo se deve, como Schopenhauer”, um “homem e cavaleiro de olhar de bronze, que tem a coragem de ser si mesmo, que sabe ser independente”. É um “símbolo…
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O Cavaleiro, a Morte e o Diabo (1)
(Bertram1932) Que prestígio mágico, então, o jovem Nietzsche atribuía a essa gravura em detrimento de todas as outras (enquanto, sintomaticamente, não temos dele nenhum testemunho sobre a Melancolia, exceto alusões em dois poemas de julho de 1871, embora a devoção a Wagner a tivesse tornado mais próxima dele)? Que feitiço ainda o prendia a ela,…
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Chastel: Cités idéales
La marqueterie italienne a développé au XVe siècle un type de paysage urbain et d’architecture pure qui (comme pour la nature morte) a toujours accompagné et parfois devancé la peinture. L’intarsia a tiré parti des trouvailles des maîtres avec une décision qui dégage les aspects les plus séduisants de leur poétique abstraite. Le grand style…
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Tchoang-Tzeu: O Princípio está por toda parte
in Chuang-TzuO Mestre Tung-kuo 1 perguntou a Chuang Tzu: “Essa coisa chamada Caminho [Tao] — onde existe?” Chuang Tzu disse: “Não há lugar onde não exista”. “Vamos”, disse o Mestre Tung-kuo, “você precisa ser mais específico!” “Ela está na formiga.” “Uma coisa tão ínfima como essa?” “Está na grama.” “Mas isso é ainda menor!” “Está nos…
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Angelo Guido: Última Ceia de Leonardo da Vinci (gráfico I)
O ESTRANHO TRAÇADO GRÁFICO I — Já assinalamos que ao fundo da sala em que a ceia de Cristo se realiza há três janelas, abertas para a claridade de uma paisagem serena e de indefinidas perspectivas. São os três. pontos mais luminosos do mural. Com a janela do centro, coincide a figura de Cristo. Sobre a…
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Bugault (GBIP) – Vocabulário filosófico indiano?
2. LEMBRETE DE PRECONCEITOS Há três tipos de preconceito, para aqueles que se contentam com o “pensamento pronto”. 2. 1. VOCABULÁRIO Não existe um decalque sânscrito do grego ϕιλοϭοϕία, mas sim uma constelação semântica em que ora a forma, ora o conteúdo brilham. Vamos distinguir três grupos. O primeiro inclui termos cuja conotação é, acima…
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Hulin (QIM:18-20) – linguagem no pensamento indiano
in Michel Hulin(…) Algumas escolas filosóficas brâmanes — por exemplo, a Nyâya-Vaisesika ou a “primeira Mimamsa” — admitem uma espécie de paralelismo entre as palavras e as coisas, no sentido de que a correspondência entre uma e outra teria sido estabelecida originalmente, no início de cada criação ou recriação do mundo, pelo Senhor Supremo (Isvara) ou expressaria…
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Bugault (GBIP) – Especificidades da filosofia indiana
Entretanto, mesmo se mantivermos apenas os textos que reconhecemos como filosoficamente relevantes, devemos enfatizar certas características que eles têm em comum e que contrastam com os padrões da filosofia ocidental. As preocupações humanísticas, até mesmo terapêuticas e sapienciais, estão presentes na filosofia grega. Elas também não estão completamente ausentes da filosofia moderna, apesar das aparências…
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Bugault (GBIP) – Filosofia Indiana
A questão prévia: em que medida e que sentido pode-se falar de «filosofia indiana»? Esta questão demanda ser abordada com inteira serenidade. Com efeito, o conhecimento das grandes culturas da Asia — com ou sem filosofia — tem muito a interessar os filósofos. Se tratando da Índia, sua antropologia, suas concepções psicológicas e medicais, a…